Uma Questão semântica I
A Guerra
Boris Johnson num artigo recentemente publicado na revista Spectator chama a atenção para o uso abusivo que se tem feito do termo “Guerra” – no contexto da “guerra ao Terror” ou “Guerra ao Terrorismo”.
Após os atentados de Londres este foi talvez o pensamento mais claro e consciente que li. De facto, o termo guerra implica confronto entre pelo menos 2 entidades beligerantes, o que neste caso, definitivamente, não acontece; mesmo com o argumento de que esta não é uma guerra convencional, a palavra Guerra apenas potencia o medo de um lado e certeza de vitória do outro. Os métodos dos bombistas não se enquadram dentro dos parâmetros/ definições de Guerra, atrevo-me mesmo a dizer que estes ataques encaixam-se de modo mais adequado no conceito de serial killer , pois estes bombistas não são soldados, são assassinos, que cumprem um ritual rigoroso de morte e destruição.
Mas voltando a BJ, estes novos bombistas são Ingleses de identidade , de nascimento, de costumes: beneficiam do sistema de Segurança Social inglês; pagam os seus impostos à coroa britânica; frequentam os clubes de cricket; são jovem anónimos na mantilha de patchwork que é Londres. Não são habitantes de territórios ocupados que vêem as suas casa serem destruídas pelos bulldozers, não são cidadãos de 2ª classe, não foi construído nenhum muro que os separa de resto do território britânico. É, então, importante perceber porque razão estes jovem odeiam tanto o Ocidente - em que vivem – ao ponto de o querem exterminar.
Como salienta BJ, os ataques terroristas não começaram em 11 Setembro, durante a década de 90 foram vários os atentados por parte de suicidas islâmicos, de realçar o atentando ao metro de Paris. Desta forma não poderemos simplificar a justificação dos ataques às intervenções militares no Iraque e no Afeganistão. Citando BJ “the Iraq war did no create the problem of murderous Islamic fundamentalist, (…) the Iraq war did not introduce the poison into our bloodstream but, yes, the war did help to potentiate that poison”.
Continuar a afirmar que estamos em guerra com estas pessoas , será o mesmo que entregar os pontos ao inimigo, entrando numa serie de falsas equivalências. Durante várias décadas a Inglaterra combateu os bombistas do IRA, sem que neste caso fosse aplicado o termo Guerra, pois estes autodenominados “soldados” eram criminosos, assassinos. Assim, torna-se incompreensível apelidar o combate a estes actos vis e cobardes de guerra, glorificando as acções destes maníacos de Yorkshire, sem que percebamos sequer os seus objectivos.
O que realmente querem estes fulanos? Querem realmente a retirada das tropas do Iraque? É assim tão difícil para eles arranjarem uma namorada ao ponto de se querem sacrificar e chegarem ao paraíso onde terão um harém de virgens submissas? Numa guerra, estes bombistas morrerão como mártires, assim o termo guerra deverá desaparecer do nosso vocabulário no que respeita a estes actos hediondos, esvaziando de alguma forma esta vontade de se tornarem mártires.
É evidentemente um erro defender que a invasão do Iraque fez parte de um plano dentro da lógica “guerra ao terror”. É mais que evidente que o Iraque não tinha armas de destruição massissa, o que para todos – ocidentais e islâmicos – se torna claro que os interesses vão para lá da democratização do mundo árabe. “there has been a fatal elision between the ‘ war on terror’ and the campaign to democratise the Arab world, and many Muslims can de forgiven for thinking that this is really a war to democratise the Middle East in the interests of General Motors; evangelic Christianity, Hollywood and global pornography. (…) if we use the vocabulary of war , it gives the maniacs all the more excuse to wage war on us. When Bush said, ‘If you are not with us, you are against us’, and then invaded Iraq on charges that were frankly trumped-up, he co-opted tens of millions of Muslims into the camp of his enemies, even though they might loath Saddam. They had nowhere else to go” continua BJ.
A solução para este problema poderá passar pela moderação dos discursos, quer nas tribunas de poder do ocidente quer nas mesquitas. Não tenho a certeza que alguma vez isto será suficiente mas “Last week’s bombs were placed neither by martyrs nor by soldiers, but by criminals. It was not war, but terrorism, and to say otherwise is a mistake and a surrender".
Boris Johnson num artigo recentemente publicado na revista Spectator chama a atenção para o uso abusivo que se tem feito do termo “Guerra” – no contexto da “guerra ao Terror” ou “Guerra ao Terrorismo”.
Após os atentados de Londres este foi talvez o pensamento mais claro e consciente que li. De facto, o termo guerra implica confronto entre pelo menos 2 entidades beligerantes, o que neste caso, definitivamente, não acontece; mesmo com o argumento de que esta não é uma guerra convencional, a palavra Guerra apenas potencia o medo de um lado e certeza de vitória do outro. Os métodos dos bombistas não se enquadram dentro dos parâmetros/ definições de Guerra, atrevo-me mesmo a dizer que estes ataques encaixam-se de modo mais adequado no conceito de serial killer , pois estes bombistas não são soldados, são assassinos, que cumprem um ritual rigoroso de morte e destruição.
Mas voltando a BJ, estes novos bombistas são Ingleses de identidade , de nascimento, de costumes: beneficiam do sistema de Segurança Social inglês; pagam os seus impostos à coroa britânica; frequentam os clubes de cricket; são jovem anónimos na mantilha de patchwork que é Londres. Não são habitantes de territórios ocupados que vêem as suas casa serem destruídas pelos bulldozers, não são cidadãos de 2ª classe, não foi construído nenhum muro que os separa de resto do território britânico. É, então, importante perceber porque razão estes jovem odeiam tanto o Ocidente - em que vivem – ao ponto de o querem exterminar.
Como salienta BJ, os ataques terroristas não começaram em 11 Setembro, durante a década de 90 foram vários os atentados por parte de suicidas islâmicos, de realçar o atentando ao metro de Paris. Desta forma não poderemos simplificar a justificação dos ataques às intervenções militares no Iraque e no Afeganistão. Citando BJ “the Iraq war did no create the problem of murderous Islamic fundamentalist, (…) the Iraq war did not introduce the poison into our bloodstream but, yes, the war did help to potentiate that poison”.
Continuar a afirmar que estamos em guerra com estas pessoas , será o mesmo que entregar os pontos ao inimigo, entrando numa serie de falsas equivalências. Durante várias décadas a Inglaterra combateu os bombistas do IRA, sem que neste caso fosse aplicado o termo Guerra, pois estes autodenominados “soldados” eram criminosos, assassinos. Assim, torna-se incompreensível apelidar o combate a estes actos vis e cobardes de guerra, glorificando as acções destes maníacos de Yorkshire, sem que percebamos sequer os seus objectivos.
O que realmente querem estes fulanos? Querem realmente a retirada das tropas do Iraque? É assim tão difícil para eles arranjarem uma namorada ao ponto de se querem sacrificar e chegarem ao paraíso onde terão um harém de virgens submissas? Numa guerra, estes bombistas morrerão como mártires, assim o termo guerra deverá desaparecer do nosso vocabulário no que respeita a estes actos hediondos, esvaziando de alguma forma esta vontade de se tornarem mártires.
É evidentemente um erro defender que a invasão do Iraque fez parte de um plano dentro da lógica “guerra ao terror”. É mais que evidente que o Iraque não tinha armas de destruição massissa, o que para todos – ocidentais e islâmicos – se torna claro que os interesses vão para lá da democratização do mundo árabe. “there has been a fatal elision between the ‘ war on terror’ and the campaign to democratise the Arab world, and many Muslims can de forgiven for thinking that this is really a war to democratise the Middle East in the interests of General Motors; evangelic Christianity, Hollywood and global pornography. (…) if we use the vocabulary of war , it gives the maniacs all the more excuse to wage war on us. When Bush said, ‘If you are not with us, you are against us’, and then invaded Iraq on charges that were frankly trumped-up, he co-opted tens of millions of Muslims into the camp of his enemies, even though they might loath Saddam. They had nowhere else to go” continua BJ.
A solução para este problema poderá passar pela moderação dos discursos, quer nas tribunas de poder do ocidente quer nas mesquitas. Não tenho a certeza que alguma vez isto será suficiente mas “Last week’s bombs were placed neither by martyrs nor by soldiers, but by criminals. It was not war, but terrorism, and to say otherwise is a mistake and a surrender".
escrito por aL a 10:03 da manhã
1 Pós e Contas:
Em questões bélicas, não podemos esquecer os mercenários. Não terá o dinheiro sido substituído por ideologias extremistas?
26/7/05 13:14
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