Citações XIV
Portas trancadas
FÉRIAS. Lugares. Escolha. Pessoalmente, um momento de discussões infinitas. Este ano, Cuba regressou. Estarei eu interessado em rumar para a ilha de Fidel? Respondi que sim, que estou, desde que me droguem ou raptem. Uma amiga, democraticamente impoluta e mentalmente equilibrada (acho), chegou a declarar que eu perdia uma «oportunidade». Que «oportunidade», querida? A «oportunidade» de conhecer a a cuba de Fidel enquanto Fidel não dá a sua última queda. Depois, acrescentou, já não terá tanto «encanto». Percebo, querida: o «encanto» típico de uma ditadura, com um povo na miséria, prisões concorridas e uma espécie de fantasia turística, onde veraneantes e indígenas fazem de conta que vivem no mesmo mundo. (...) milhares de turistas rumam para Cuba e nem imaginam que, com o gesto, contribuem ainda mais para a manutenção de uma ditadura iníqua, que se agarra ao turismo para flutuar. Culpa de quem? Não, com certeza dos Estados Unidos e seu embargo: o mundo inteiro continua livremente a tratar com o comandante e isso não impede o naufrágio conhecido. (:J Se a ideia é experimentar os «encantos» de Cuba, melhor seria enfiar os turistas ocidentais no quotidiano «encantador» em que vivem os cubanos: filas para comprar sabão, alguma violência policial à mistura. E, na hora da despedida, as portas devidamente trancadas.
João Pereira Coutinho, in Expresso 06/08/05
FÉRIAS. Lugares. Escolha. Pessoalmente, um momento de discussões infinitas. Este ano, Cuba regressou. Estarei eu interessado em rumar para a ilha de Fidel? Respondi que sim, que estou, desde que me droguem ou raptem. Uma amiga, democraticamente impoluta e mentalmente equilibrada (acho), chegou a declarar que eu perdia uma «oportunidade». Que «oportunidade», querida? A «oportunidade» de conhecer a a cuba de Fidel enquanto Fidel não dá a sua última queda. Depois, acrescentou, já não terá tanto «encanto». Percebo, querida: o «encanto» típico de uma ditadura, com um povo na miséria, prisões concorridas e uma espécie de fantasia turística, onde veraneantes e indígenas fazem de conta que vivem no mesmo mundo. (...) milhares de turistas rumam para Cuba e nem imaginam que, com o gesto, contribuem ainda mais para a manutenção de uma ditadura iníqua, que se agarra ao turismo para flutuar. Culpa de quem? Não, com certeza dos Estados Unidos e seu embargo: o mundo inteiro continua livremente a tratar com o comandante e isso não impede o naufrágio conhecido. (:J Se a ideia é experimentar os «encantos» de Cuba, melhor seria enfiar os turistas ocidentais no quotidiano «encantador» em que vivem os cubanos: filas para comprar sabão, alguma violência policial à mistura. E, na hora da despedida, as portas devidamente trancadas.
João Pereira Coutinho, in Expresso 06/08/05
escrito por aL a 10:07 da manhã
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