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domingo, fevereiro 19, 2006

Sociedade Socialista [contraditória]

3 Pós e Contas:

Blogger Filipe Quis dizer...

Em 1918 o texto deve ter sido lido com grande esperança. Hoje sabemos bem o valor utopico da coisa.
Curioso os sublinhados Al, em azul cheira-me a uma frase perfeitamente "liberal"...
Mais do que "contraditoria" faz-me pensar em propagandista.

20/2/06 13:23

 
Blogger Miguel Madeira Quis dizer...

A única coisa que pode ser contraditória é o "dirigente técnico" (e mesmo aí depende dos detalhes).

Sem isso, o texto até faria sentido: como deixam de estar submetidos aos patrões, os trabalhadores precisariam de um grande espirito de auto-disciplina, dedicação, brio profissional, etc. para manter a economia a funcionar.

Claro que há a questão (que, se calhar, só RL poderia responder): "mas, afinal, os trabalhadores vão continuar a ter chefes ou não?". Se vão, percebe-se o papel do "director técnico", mas toda a conversa sobre "iniciativa dos trabalhadores", "auto-disciplina", etc. perde o sentido (porque é que a disciplina têm de ser "auto" se há um chefe?). Se não vão, o texto faz quase todo sentido, menos a parte do "director técnico".

No entanto, há um detalhe (os tais detalhes que eu falava) que pode resolver a contradição - quem escolhe o "director técnico". Se o "director" for escolhido pelo "conselho de empresa" (como o ponto III.7 deste outro texto de RL pode sugerir), tudo isto já faz sentido: como é mais o "director" que está "nas mãos dos trabalhadores" do que o oposto, a obediência às suas ordens implica a tal auto-disciplina, etc. ao contrário de um director todo-poderoso, estilo patrão capitalista.

Em suma, se a ideia de RL fosse instalar uma "democracia representativa" no trabalho, esse texto já faz sentido. Mas claro que só ela poderia esclarescer.

20/2/06 19:52

 
Blogger Luís Marvão Quis dizer...

Bem, este comnetário chega um pouco tarde.
Rosa Luxemburgo era adversária da organização de tipo burocrático, o que significava, quer na esfera da empresa quer na esfera do partido (criticava o centralismo de Lenine), a livre participação dos trabalhadores em todos os processos decisórios; era uma condição da autodeterminação do proletariado.
Em suma ela defendia uma democracia operária (viveu a realidade dos conselhos operários no curto período revolucionário que a Alemanha conheceu, entre 1918-19).
É evidente que ela não ignorava a importância de uma direcção técnica para levar a bom porto “a empresa socialista”. Creio não haver aqui contradição, ao contrário de que sugeres-
Em que moldes se desenvolveria esta sociedade de “trabalhadores homens livres”,não sabemos. Mas Rosa é clara quanto às eleições livres nos conselhos operários :
"A essência da sociedade socialista consiste em que as grandes massas trabalhadoras deixam de ser massas governadas, passando a vivenciarem elas mesmas, pelo contrário, toda a vida política e econômica, guiando-a, com auto-determinação consciente e livre."
"... mediante a criação de seus próprios órgãos de representação regular, os trabalhadores são capazes de conquistar para si o controle da produção e,finalmente, a direcção efectiva.
"...Eleição em todas as fábricas de Conselhos de Fábrica que, em consonância com os Conselhos de Trabalhadores, deverão ordenar as questões internas, regular as relações trabalhistas, controlar a produção e, finalmente, assumir a direção das fábricas."
Rosa Luxemburgo, in "O que quer a Liga Spartakus?"
P.S. é uam tradução brasileira

22/2/06 01:10

 

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