Diferenças
Em conversa sobre o post do abbé Pierre disse-me um amigo: "Aquilo era boca para os barulhentos do Pinochet não era?". Respondi que sim, que era boca para os barulhentos do Pinochet. Depois tentei explicar-lhe que era boca também para os barulhentos do Fidel quando ele bater a bota. Mas que também era boca para os silenciosos do Chavez e do Irão. Para os histéricos da Bolívia, para os seguidores do Mesquita Machado (e afins). Que era boca para os que se espumam raivosos e se regozijam com aquela mesquinhez dos maldosos.
Mas depois também lhe disse que a boca era o que era e não mais que isso, que o importante era notar que quando Pinochet morreu encheu capas de jornais dias a fio, e que hoje alguns títulos menores são sobre o abade Pedro. Dirão alguns que o impacto de um não foi tão grande como o de outro. E têm razão, eu pergunto-me é porquê? Se um afectou milhares de pessoas, o outro ajudou outros milhares. Se um apesar do mal, acabou por ser ultrapassado e ter falecido senil, o outro deixou um exemplo de luta pelos que não tinham ninguém a lutar por eles. Porquê então a diferença de destaques?
lipemarujo
escrito por Filipe a 9:25 da manhã
3 Pós e Contas:
Lipemarujo,
Também eu partilho da tua homenagem ao Abade Pierre.
No entanto, acho que podias ter falado do seu papel na resistência ao nazismo, nas iniciativas de cariz social e humanitário que ele desenvolveu em França e por esse mundo fora. Ou (por que não?) da coragem que revelou, ao sair em defesa de Roger Garaudy.
E por que chamas à colação o falecido ditador chileno? Ou o Chávez, que não consta que esteja às portas da morte ou que tenha embargado a democracia venezuelana (a não ser que o ruído em torno da presidência vitalícia seja para levar a sério)? É que quem tentou embargar a democracia na Venezuela foi oposição, por recurso ao golpe militar, não sei se estás lembrado.
23/1/07 12:30
Caro Luís,
Estou a escrever um post sobre o abbé Pierre que vou postar lá para o fim de semana. E onde logoicamente abordo esses temas.
Estes dois posts que publiquei procuravam uma outra coisa para além da homenagem ao abade. O que quis dizer foi que haverá sempre mais destaque para figuras maquiavélicas ou figuras que despertam ódios ou ainda figuras controversas e difíceis de definir, do que destaque para um homem bom.
E talvez não me tenha exprimido correctamente, mas do que eu falo são das reacções das pessoas às notícias ligadas por exemplo ao falecimento do Pinochet, da eleição de Chavez e dos outros exemplos, não falo, nem comento os exemplos em si. Aliás no início deste post clarifico bem que se tratou de uma "boca para os barulhentos", para os que reagiram e reagem (das mais variadas formas e com as mais variadas posições).
Mas já agora respondo às perguntas que fazes. Colei Pinochet pelo que disse acima, porque a morte dele encheu capas de jornais e despoletou reacções durante semanas, no caso do abade Pierre não vai ser o caso.
Quanto a Chavez, não será ele o inimigo número um da democracia na Venezuela de facto, na oposição como dizes há canalhas do piorio, mas Chavez não é de todo amigo da Democracia e usará de todos os meios para se manter no poder o máximo de tempo possível. Chavez não é exemplo de transparência. Mas se falei em Chavez no post foi pelos "barulhentos", tanto os seus críticos cegos que o atacam muitas vezes pelo que não deviam, como os seus "amantes" tontos e românticos que vêm nele a esperança da Venezuela ou ainda a grande voz contra o Grande Satã.
23/1/07 13:17
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades. (...)
Havera mais vantagens em criticar o que/quem esta mal do que louvar o que/quem esta bem?!
23/1/07 15:46
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