O estado das coisas
Antes de mais, um bom ano a todos, em especial à minha chefe aL. Que me perdoe pelo meu desaparecimento durante o último mês. Fui a Portugal mais cedo devido a um casamento de uns amigos, na belíssima cidade de Óbidos, e fiquei para as quadras.
Adoro o meu país e a minha terra, a mui nobre, sempre leal e invicta cidade do Porto, foi lá que passei o Natal e foi lá que passei do ano velho para este ano novo. Mas este meu primeiro post de 2008 é a malhar, se calhar nem tanto no meu país nem na minha cidade, mas antes a malhar nas gentes. E faço-o porque não reconheço as pessoas, as suas atitudes, os seus desejos.
Parece que basta uma árvore de Natal que seja a maior da Europa ( feia e que tape um edício bonito como a Câmara Municipal) para que o povo se exalte de contentamento, que se prepare uma marcha de pais Natal para que um rio de gente se apinhe e espreite, mandando piadas, insultando o trânsito, esbofeteando os filhos rabugentos, atire lixo para o chão. As pessoas queixam-se que não têm dinheiro mas os shoppings estão cheios a qualquer hora com pessoas de ambos os sexos e de todas as idades. As playstations vendem-se bem, os telemóveis de ponta também ( e enviam-se mensagens a toda a hora), as tvs plasma idem, os restaurantes servem sem parar, etc, etc.
Fui ao museu Soares dos Reis com a minha namorada. Ela a estagiar numa escola do ensino básico e secundário ainda tem direito a cartão de estudante, eu que já não estudo e passei a mítica idade dos 26 anos do cartão jovem não tenho. Dirigimo-nos ao balcão de entrada do museu, peço uma entrada de estudante e uma de um adulto. A senhora, nos seus trinta e muitos, atarantada mas simpática pergunta-me se sou estudante ou se tenho menos de 26 anos. Respondo que não, que sou um adulto normal, que quero uma entrada normal. Ela ataranta-se ainda mais. Olha para nós, parece que não sabe o que fazer. Pergunto-me o que estará ela a pensar. Pagámos o mesmo os dois, a minha namorada e eu, não recebemos bilhete de entrada. Estava tão estupfacto com a situação que nem reagi, paguei e subi as escadas que me indicou.
Só depois da visita, já na rua, é que me pus a pensar nisto: um museu nacional, com tarifas bem definidas, deixou-me entrar por uma tarifa menor, que eu nem pedi, não me dando sequer bilhete. Tanto quanto sei a mulher poderá muito bem ter posto o dinheiro ao bolso. Se calhar não, só quis ser simpática. Pergunto-me, para quê? As tarifas existem, são para cumprir. Quando vou ao cinema vejo muita malta a pedir um cartão de estudante para pagar menos.
São estas pequenas coisas, estas fugas, que vão embrutecendo as pessoas, elas acabam por julgar que têm direito a tentar o golpe, que é legítimo. Mas não é, é roubo. Juntar ao ladrão a conivência da senhora do museu foi o cúmulo. Segue agora mesmo um mail meu para os serviços do museu.
Bom ano, roubemos menos.
lipemarujo
ps- a visita ao Soares dos Reis vale a pena, a colecção é excelente e a exposição do António Cruz é obrigatória.
ps2- já agora, se eu não recebi bilhete, como é que o museu conta o número de visitantes? O funcionário faz risquinhos num papel e depois soma tudo de mês a mês? Fui também a serralves num domingo de manhã que é gratuito e mesmo assim lá me deram um bilhete numerado e tudo veja-se...
escrito por Filipe a 12:21 da tarde
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