Uma Questão semântica II
O Terrorismo
Neste fim-de-semana foram vários os artigos de opinião e editoriais que abordaram a questão do terrorismo, balizando aquilo que consideramos terrorismo.
Boaventura Sousa Santos num artigo na Visão, identifica 2 definições de terrorismo. A saber: a definição conservadora e dominante “(...) ‘terroristas’ são terroristas, são inimigos” e qualquer tentativa de compreensão é cumplicidade com estes acto hediondos. A solução apontada por este discurso dito “conservador” é a intervenção militar, e só esta poderá eliminar o terrorismo. A outra definição dita “progressista” defende uma visão contextualizada do terrorismo, sendo este fruto das recorrentes humilhações que o Ocidente tem submetido o mundo islâmico. Apontando como solução o diálogo com elementos moderados, de forma a isolar os extremistas – de ambos os lados. Só com o aprofundamento democrático e o multiculturalismo é que o terrorismo será vencido, defende BSS.
No entanto, apesar desta última definição parecer a mais aceitável do ponto de vista moral, é de execução complicada, as linhas moderadas quer no islão quer no mundo ocidental carecem de poder efectivo, mais ainda, mesmo os islâmicos moderados parecem ter dificuldades em separa o Estado da Religião, enquanto estas populações não adequarem a sua forma de estar, os seus valores morais e religiosos ao mundo moderno e plural, ao mundo globalizado, não me parece possível que haja hipóteses de resolver esta situação.
Daniel Oliveira, no Expresso de 23 de Julho, declara que esta guerra (e aqui considero o termo guerra abusivo) é uma guerra de poderes “quando os poderes se equilibram as guerras são feitas com regras, de forma convencional” mas, aqui DO cai num erro fundamental: não podemos equiparar estes bombistas a soldados, não o são de nunca deveremos declará-los como tal.
Mário Soares comete o mesma falha (que tendo em conta a longa experiência política, só posso considerar como desonestidade intelectual) comparando estes ataques terroristas com situações passadas em períodos de Guerra (não estando aqui em causa o branqueamento de actos desprezíveis como os bombardeamentos de Londres durante a II GM; ou lançamento das bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki; as guerras coloniais...)
Neste caso estes suicidas não combatem pela liberdade, combatem por uma ideologia de destruição.
Em setembro próximo será discutido na Assembleia Geral da ONU um relatório redigido por um Conselho de Sábios (tenho sempre grandes suspensões relativamente aos sábios) , convocado por Kofi Annan, que pretende estabelecer a definição exacta de terrorismo. Estará este restrito à violência contra a vida? Ou inclui a actos de violência contra a propriedade? E neste caso grupos como o Greenpeace ou o Movimento dos sem terra teria de ser ilegalizados? E o terrorismo praticado pelo Estado? Devem ser considerados actos terroristas as medidas de intervenção militar de Israel nos territórios ocupados?
É de facto uma altura importante para o estabelecimento de balizas claras daquilo que é considerado terrorismo.
Neste fim-de-semana foram vários os artigos de opinião e editoriais que abordaram a questão do terrorismo, balizando aquilo que consideramos terrorismo.
Boaventura Sousa Santos num artigo na Visão, identifica 2 definições de terrorismo. A saber: a definição conservadora e dominante “(...) ‘terroristas’ são terroristas, são inimigos” e qualquer tentativa de compreensão é cumplicidade com estes acto hediondos. A solução apontada por este discurso dito “conservador” é a intervenção militar, e só esta poderá eliminar o terrorismo. A outra definição dita “progressista” defende uma visão contextualizada do terrorismo, sendo este fruto das recorrentes humilhações que o Ocidente tem submetido o mundo islâmico. Apontando como solução o diálogo com elementos moderados, de forma a isolar os extremistas – de ambos os lados. Só com o aprofundamento democrático e o multiculturalismo é que o terrorismo será vencido, defende BSS.
No entanto, apesar desta última definição parecer a mais aceitável do ponto de vista moral, é de execução complicada, as linhas moderadas quer no islão quer no mundo ocidental carecem de poder efectivo, mais ainda, mesmo os islâmicos moderados parecem ter dificuldades em separa o Estado da Religião, enquanto estas populações não adequarem a sua forma de estar, os seus valores morais e religiosos ao mundo moderno e plural, ao mundo globalizado, não me parece possível que haja hipóteses de resolver esta situação.
Daniel Oliveira, no Expresso de 23 de Julho, declara que esta guerra (e aqui considero o termo guerra abusivo) é uma guerra de poderes “quando os poderes se equilibram as guerras são feitas com regras, de forma convencional” mas, aqui DO cai num erro fundamental: não podemos equiparar estes bombistas a soldados, não o são de nunca deveremos declará-los como tal.
Mário Soares comete o mesma falha (que tendo em conta a longa experiência política, só posso considerar como desonestidade intelectual) comparando estes ataques terroristas com situações passadas em períodos de Guerra (não estando aqui em causa o branqueamento de actos desprezíveis como os bombardeamentos de Londres durante a II GM; ou lançamento das bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki; as guerras coloniais...)
Neste caso estes suicidas não combatem pela liberdade, combatem por uma ideologia de destruição.
Em setembro próximo será discutido na Assembleia Geral da ONU um relatório redigido por um Conselho de Sábios (tenho sempre grandes suspensões relativamente aos sábios) , convocado por Kofi Annan, que pretende estabelecer a definição exacta de terrorismo. Estará este restrito à violência contra a vida? Ou inclui a actos de violência contra a propriedade? E neste caso grupos como o Greenpeace ou o Movimento dos sem terra teria de ser ilegalizados? E o terrorismo praticado pelo Estado? Devem ser considerados actos terroristas as medidas de intervenção militar de Israel nos territórios ocupados?
É de facto uma altura importante para o estabelecimento de balizas claras daquilo que é considerado terrorismo.
escrito por aL a 9:51 da manhã
2 Pós e Contas:
Torna-se inegável a brutalidade do assassínio do jovem brasileiro às armas da Polícia britânica, assim como a injustiça da morte de um cidadão trabalhador, porventura com os impostos em dia, emprenhado em construir uma sociedade melhor. Ninguém pode negar isto. Mas se esta vítima tivesse, na verdade, um cinto de bombas atado à cintura, que comentário estaria agora a ser publicitado neste blog?
Temos um traseunte que a uma ordem das forças da autoridade para parar, inicia uma fuga, que tem copmo fim trágico uma estação de metro, palco de atentados desprezíveis nas últimas semanas. Colocando-me na pele de um qualquer polícia londrino, não posso deixar de ser acometido por uma forte sensação de dejá-vu. POderemos questionarmo-nos sobre o número de balas usado. Mas uma simples imobilização do suspeito seria suficiente se este fôra uma bombista? (e tem de estar sempre presente em mente que este era o pensamento da Polícia naquele momento)
Com isto, não pretendo criar uma justificação para a morte (in)justificável deste brasileiro. Mas há uma grande compreensão para com a atitude da polícia.
26/7/05 12:56
Seria agora interessante ler um artigo sobre a tua concepção de terrorismo.
26/7/05 13:22
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