Crónica da morte anunciada
31 de Julho, 03:06 pm estão cerca de 300 pessoas à minha frente... minutos depois descubro que já não há bilhetes. Não quero acreditar... as estações de televisão tinham divulgado no dia anterior que já não havia bilhetes disponíveis. Mas por que raio insisti eu em passar o dia a ler os jornais e sem sequer ligar a tv! insisti... o Teatro Camões, flexibilizando as regras de segurança, disponibiliza 100 lugares nas galerias laterais. Os outros vão deixando o nome numa possível lista de espera, a partir das 06:45 pm seriam distribuidas as reservas não levantadas. Ao lado são recolhidas as "reservas" feitas.«mas então os bilhetes não iam ser todos distribuídos hoje?!» refila alguém atrás de mim... nº89 - Alaíde Costa! «não creio que já conseguir lugar...» lamentou a bailarina « seja por solidariedade e apoio» respondi...
06:56pm, chego novamente ao Teatro Camões, com uma pequena esperança que tudo ia correr bem. à entada as pessoas acotovelam-se. sento-me virada para o rio, foleio o jornal do dia... é então que percebo a movimentação à entrada, vou ver... estão a chamar a lista de espera! «aquela fulana estava perto de mim na fila» fico com esperança, chamam pelo nome estrangeiro do rapaz que estava à minha frente... «Adelaide Costa» compreendo que o fulano que lê a lista de espera é disléxico e não leu correctamente o meu nome «Alaíde Costa, por favor» resmunguei.
Quase meia hora depois da hora marcada começa o primeiro espectáculo Cantata. Não consigo deixar de pensar que aquilo vai deixar de existir, de ter um carinho especial por aquelo trabalho. Apesar de não fazer nada o meu género, acho que se não fossem as circunstâncias que transformaram aquelo momento numa coisa quase mágica, teria uma opinião muito agreste. 5 minutos de aplausos! Intervalo
Aqui e agora a segunda (a última...) coreografia apresentada conseguiu conquistar-me, não pude evitar comover-me com aquele fim... 10 minutos de aplausos, os bailarinos correm para o exterior, para apresentar excertos de Aqui e agora àqueles que não conseguiram lugar... o público sai do Teatro Camões e segue os bailirinos aplaudindo, aplaudindo. Vou-me embora. Nunca fui muito boa com as despedidas, fazem-me mal...
escrito por aL a 10:37 da manhã
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