Complexo de classe ou a emancipação da mulher
Por razões profissionais durante a semana passada tive de contratar os serviços de uma empresa de limpezas. A coisa começou logo com um atraso de uma hora sem qualquer aviso prévio, o que é no mínimo um desrespeito para com o cliente. Mas o grande problema aconteceu quando a equipa de trabalho se revelou incompetente, e senti uma incapacidade de reclamar, ou pior reclamei e protestei contra o mau serviço prestado, mas depois a consciência fica pesada [porque afinal aquelas pessoas estão a lavar o chão que pisamos].
Mas é aí que emerge um recalcamento qualquer que me impossibilita de agir da forma aparentemente mais racional. Ora, sendo eu uma mulher, deveria como que inconscientemente estar “programada” para cuidar da casa e da prole, não?! E agora, como é que se “desprograma” isto?
escrito por aL a 2:10 da manhã
2 Pós e Contas:
"De facto, uma ajuda nas tarefas domésticas resultaria numa vantagem competitiva para ambas as partes. Para mim que ficava com mais tempo livre e com a casa com um aspecto decente todas as semanas,[ e não apenas após a limpeza mensal]. E para a auxiliar doméstica traria um acréscimo no rendimento."
Usas aqui o termo "vantagem competitiva" de forma errónea. Repara que o que descreves depois disso é meramente uma coisa resultante duma "troca livre". A empresa recebe dinheiro por um serviço, e tu pagas dinheiro em troca disso. A questão da "especialização" vem a montante.
O que tu querias dizer (julgo eu) é que há "espaço para trocas mútuas vantajosas", exactamente porque essa empresa está especializada nesse trabalho, e como tal fá-lo de forma mais rápida. Por outro lado, também os rendimentos em causa (teus e das empregadas) poderão ser de tal modo diferentes, que tu valorizes o teu tempo de lazer suficientemente para que possas pagar o mínimo que elas estejam dispostas a receber para fazer tal tarefa.
Ou seja, há um misto de ganho de especialização e também de diferentes custos de oportunidade do tempo. Que para elas é tempo de trabalho (ganho) e para ti é tempo de lazer (perdido).
A forma como descreves a "vantagem mútua" é errónea, porque faz entender que *qualquer* troca seria vantajosa para ambas as partes. Ora isso nem sempre é verdade, mas apenas para determnados preços (intermédios) que façam com que ambas as pessoas ganhem em fazer essa troca.
Quanto ao recalcamento... não sei se compreendo bem o que queres expressar. Acho que o problema maior é mesmo pensares nele. Toma as decisões de forma racional and that's it. Se preferires ter umas horas de lazer adicinal a pagar a essas empregadas, fine. Se não, contrata-as. Acho que não deve haver grandes constrangimentos "morais" ou "psicológios" por não agir de acordo com padrão A ou B. De qualquer forma, hoje em dia quase toda a gente tem empregada de limpezas.
30/11/05 21:29
quanto à analise económica, eliminei o conceito de "vantagem competitiva" que de facto apliquei de forma desadequada, e já corrigi o "erro". desta forma aplico o termo "vantagem" no sentido semântico da palavra e não no seu sentido económico.
quanto ao recalcamento, não é bem um recalcamento é talvez mais um enorme sentimento de culpa, que independentemente de optar por A ou B, se acaba por sentir, eu pessoalmente sinto-o. não é uma coisa que esteja clara no meu pensamento... mas tê-lo escrito já é um passo para essa clarificação.
para mim o importante não é questão económica, ela é apenas um veículo para o ponto onde quero chegar. por isso prefiro simplificar o discurso. o que é fundamental é perceber como é que podes pensar ou melhor sentir uma coisa contrária à forma como pensas e reges a tua vida....
30/11/05 22:19
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