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terça-feira, março 21, 2006

Flores

De um pequeno degrau dourado -, entre os cordões
de seda, os cinzentos véus de gaze, os veludos verdes
e os discos de cristal que enegrecem como bronze
ao sol -, vejo a digital abrir-se sobre um tapete de filigranas
de prata, de olhos e de cabeleiras.

Peças de ouro amarelo espalhadas sobre a ágata, pilastras
de mogno sustentando uma cúpula de esmeraldas,
buquês de cetim branco e de finas varas de rubis
rodeiam a rosa d'água.

Como um deus de enormes olhos azuis e de formas
de neve, o mar e o céu atraem aos terraços de mármore
a multidão das rosas fortes e jovens.

Arthur
Rimbaud
[aL]

3 Pós e Contas:

Blogger Filipe Quis dizer...

Um génio. Rimbaud não tem par na poesia mundial. Os franceses têm por ele uma admiração que só se juntarmos a nossa por Camões, Pessoa e Torga e multiplicarmos por mil é que podemos talvez compreender.
Rimbaud morreu com 37 anos... mas só escreveu até aos 19!!!... o silêncio literário a partir dos 20 anos é um mistério ainda hoje. Um aventureiro genuíno envolveu-se em episódios verdadeiramente recambolescos, sendo mesmo atingido a tiro por um amigo, Verlaine (outro poeta extraordinário). Morreu a 10 de Novembro de 1891, nas Ardenas na Bélgica.

21/3/06 12:46

 
Blogger Elise Quis dizer...

obrigada pelo momento.

21/3/06 16:51

 
Blogger aL Quis dizer...

curiosamente, descobri o rimbaud aos 19...
elise ainda bem que gostaste do pequeno poema... este 1º dia de primavera deixa-me de rastos, e não há nada como invocar dois grandes seres trágicos [van gogh e rimbaud] para nos colocar no lugar e erguer o rosto para o sol :)

21/3/06 22:26

 

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