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quarta-feira, junho 07, 2006

O sindicado parasita

8 Pós e Contas:

Blogger Luís Marvão Quis dizer...

aLaíde,

Os sindicatos são em muitos casos fonte de imobilismo, com isso até posso estar de acordo. Agora dizer que os sindicatos são responsáveis pela falta de inovação e sofisticação das empresas do sector têxtil já me parece manifesto exagero (tens dados sobre a taxa de sindicalização no sector, ou da sua evolução ao longo do período a que te referes, 80-90?).
Aqui, no Sul, a taxa de sindicalização já foi alta em indústrias de capital intensivo (exemplo do sector automóvel, metalomecânica, etc.), não creio que no sector têxtil (na sua grande maioria constituído por empresas de mão-de-obra intensiva) o sindicalismo tenha alguma vez atingido tais níveis.
Por outro lado, se considerarmos o sindicalismo ao longo as três primeiras décadas do pós-guerra(na Europa e mesmo nos EUA), verificamos que a forte expressão que então assumiu não foi impeditiva da expansão económica a que se assistiu. É a partir da segunda metade da década de setenta (com a crise) e das décadas de 80 e 90 que o fenómeno do sindicalismo regista um recuo, situação que se mantém até hoje. Ora estas últimas décadas são precisamente aquelas em que o crescimento é mais modesto, quando comparadas com as primeiras três do século XX.
Aliás, os sindicatos têm poder reivindicativo, com ganhos para os seus associados, em períodos de expansão económica, sucedendo precisamente o contrário em épocas de recessão.
Em suma, não compreendo qual a relação entre o sindicalismo que temos e a crise do sector têxtil

7/6/06 13:03

 
Blogger AA Quis dizer...

Luís Marvão,

Foram estes sindicatos, que nos finais dos anos 80 - inícios de 90, foram incapazes de alertar os trabalhadores para o declínio da indústria têxtil assente na reduzida sofisticação dos processos produtivos. Em vez de clamarem por iniciativas que valorizassem as competências técnicas dos trabalhadores, exigiram medidas restritivas que em nada beneficiaram quem supostamente deviriam estar a defender.

Logo, é um pouco puxado dizer que a Alaíde diz que os sindicatos são responsáveis pela falta de inovação e sofisticação das empresas do sector têxtil

Sindicatos que se preocupassem com o bem-estar dos trabalhadores e das empresas (como aconteceria se não tivessem privilégios e monopólios sectoriais, e a lei laboral respeitasse princípios de liberdade contratual) teriam todo o incentivo para promover a contínua adaptação dos processos produtivos para aumentar a produtividade e consequentemente o salário dos trabalhadores... pode dizer-se que teriam incentivo sim a apostarem em processos labour-intensive, mas lembremo-nos que os empregadores poderiam sempre empreender mudanças por cima dos "sindicatos", que ficariam sem negócio...

7/6/06 15:29

 
Blogger Luís Marvão Quis dizer...

"os sindicatos do têxtil e vestuário são uma das maiores grangrenas do sector".
Eu gostaria era de saber se os sindicatos tem assim tanta influência no sector têxtil. Eu duvido que o tenham hoje, muito menos no passado.

7/6/06 16:56

 
Blogger aL Quis dizer...

meus queridos, apenas a falta de tempo me impede de justificar a minha opinião. Luis os dados aparecerão mais tarde. Desculpa...

e a minha questão é que os sindicatos no sector textil não protegem nada, e só servem para dar a falsa ilusão de segurança aos trabalhadores. O post surge após o comentário do Tiago Mendes, que me deixou muito surpresa....

7/6/06 17:11

 
Blogger Miguel Madeira Quis dizer...

"Sindicatos que se preocupassem com o bem-estar dos trabalhadores e das empresas (como aconteceria se não tivessem privilégios e monopólios sectoriais, e a lei laboral respeitasse princípios de liberdade contratual) teriam todo o incentivo para promover a contínua adaptação dos processos produtivos para aumentar a produtividade"

Qaundo se fala em "os sindicatos deviam preocupar-se com a produtividade" lembro-me do ditado norte-americano "toma cuidado com o que desejas, pode ser que se realize"

Se os sindicatos se começassem a preocupar com a produtividade, o que implicariam começaram a tomar posições sobre questões como "que máquinaria usar", "que sistema informático adoptar", "qual a melhor maneira de organizar o trabalho", etc., muita gente iria pensar "Ah´, que saudades do tempo em que os sindicatos só exigiam aumentos e férias, mas deixavam-nos gerir as empresas à nossa maneira".

7/6/06 17:48

 
Anonymous Anónimo Quis dizer...

Cara Alaide,

1. DEsconheco o "modus operandi" dos sindicatos, mas parece-me que a tua descricao e' um pouco abusiva. Posto de outra forma, o que buscam os sindicalistas, entao?

2. Eu nao EXCLUI que os sindicatos, MESMO nos sectores apontados, pudessem (e' uma hipotese) ser altamente perniciosos. Ate' acredito que serao. O meu ponto era puramente teorico - de reiterar que existem CERTAS SITUACOES em que a existencia TEORICA de sindicatos pode ser defensavel. O exemplo que eu dei era mais para enquadrar o ponto teorico do que para defender os casos citados;

De resto, repara (era isso que poderia estar a bold) que eu uso *Talvez* e *ou* na frase citada, e o operador "ou" aumenta a incerteza introduzida pelo "Talvez", em vez de o contrariar;

3. Quando dizes que os sindicatos aprisionam os mais fracos, etc, isso e' discutivel. O ponto indiscutivel e' que geram desemprego e, no curto prazo, salarios mais elevados para os que estao empregados. No longo prazo, a conversa e' mais complicada;

4. Quanto aos dirigentes serem maioritariamente homens, fica para outra discussao;

5. A tua leitura, a posteriori, do que aconteceu no final dos anos 80 e' interessante e tem algum ponto de verdade, mas e' tao exagerada e enviesada (entao no que diz respeito 'a inovacao, e' quase para rir) que me dispensa mais comentarios.

Tiago Mendes

8/6/06 12:31

 
Blogger aL Quis dizer...

obrigada tiago, pelo comentário... mais uma vez, por falta de tempo este post está nitidamente incompleto e precisa de muitas justificações. apenas te digo, no que diz respeito aos sindicatos da textil no vale do ave, eu sei de saber de experiencia feita.

8/6/06 12:51

 
Blogger AA Quis dizer...

Se os sindicatos se começassem a preocupar com a produtividade, o que implicariam começaram a tomar posições sobre questões como "que máquinaria usar", "que sistema informático adoptar", "qual a melhor maneira de organizar o trabalho", etc., muita gente iria pensar "Ah´, que saudades do tempo em que os sindicatos só exigiam aumentos e férias, mas deixavam-nos gerir as empresas à nossa maneira".

Claro que sim, e sempre que se preocupassem dessa maneira seriam postos no sítio...

entao no que diz respeito 'a inovacao, e' quase para rir

Se fosse pelos sindicatos, ainda existiriam os artífices que fariam pins à mão...

8/6/06 17:21

 

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