um blogue socialmente consciente emocionalmente irresponsável 19mesesdepois@gmail.com

segunda-feira, outubro 16, 2006

Comparações

A ver e a ler grande parte das reacções críticas que pela blogosfera aparecem sobre liberalismo, leva-me a fazer uma comparação. A comparação prende-se com o mesmo sentido crítico (crítica fácil entenda-se) que em muita opinião sucede quando se fala em intelectuais. Em Portugal, quando se fala de intelectual faz-se uma careta. "Intelectual" é uma coisa má. "Intelectual" é uma coisa perigosa que não se sabe bem o que é, e isso advém por parecerem arrogantes aos olhos dessa crítica fácil, por parecerem claros demais e prepotentes. O "povo" (conceito que esses críticos do intelectualismo se apropiam) não é feito de intelectuais, os intelectuais não são povo. Este tipo de pensamento é comum e brota sobretudo na boca de muito populismo político, mas também da boca de muito reaccionarismo puro e duro. Fala-se de intelectuais como se houvessem muitos, como uma praga, como se fossem eles os que "mandam", os que "decidem", os culpados de tudo isto.
Pois, sobre o liberalismo as críticas (a maior parte delas) caí neste sistema também, como se os problemas que existem e que o liberalismo propõem resolver fossem culpa dele próprio. Aos olhos desses críticos automáticos vivemos num sistema liberal. Mas não vivemos. Vivemos num outro sistema com um outro nome.

lipemarujo

1 Pós e Contas:

Blogger AA Quis dizer...

No fundo, um intelectual é um produtor de ideias. Supostamente, é um espírito independente, e como tal tem sido admirado, e odiado. O que acontece é que o conceito tem sido açambarcado para criar "classes" de intelectuais, cliques, detentoras da verdade, que proclamam utopias na confortável dependência da perpetuação das realidades que contestam. Esta malta leva demasiado a sério (e perigosamente a sério, para o resto de nós) a doutrina platónico do governo da república por filósofos...

16/10/06 10:52

 

Enviar um comentário

<< Home