Comparações
A ver e a ler grande parte das reacções críticas que pela blogosfera aparecem sobre liberalismo, leva-me a fazer uma comparação. A comparação prende-se com o mesmo sentido crítico (crítica fácil entenda-se) que em muita opinião sucede quando se fala em intelectuais. Em Portugal, quando se fala de intelectual faz-se uma careta. "Intelectual" é uma coisa má. "Intelectual" é uma coisa perigosa que não se sabe bem o que é, e isso advém por parecerem arrogantes aos olhos dessa crítica fácil, por parecerem claros demais e prepotentes. O "povo" (conceito que esses críticos do intelectualismo se apropiam) não é feito de intelectuais, os intelectuais não são povo. Este tipo de pensamento é comum e brota sobretudo na boca de muito populismo político, mas também da boca de muito reaccionarismo puro e duro. Fala-se de intelectuais como se houvessem muitos, como uma praga, como se fossem eles os que "mandam", os que "decidem", os culpados de tudo isto.
Pois, sobre o liberalismo as críticas (a maior parte delas) caí neste sistema também, como se os problemas que existem e que o liberalismo propõem resolver fossem culpa dele próprio. Aos olhos desses críticos automáticos vivemos num sistema liberal. Mas não vivemos. Vivemos num outro sistema com um outro nome.
lipemarujo
escrito por Filipe a 12:59 da manhã
1 Pós e Contas:
No fundo, um intelectual é um produtor de ideias. Supostamente, é um espírito independente, e como tal tem sido admirado, e odiado. O que acontece é que o conceito tem sido açambarcado para criar "classes" de intelectuais, cliques, detentoras da verdade, que proclamam utopias na confortável dependência da perpetuação das realidades que contestam. Esta malta leva demasiado a sério (e perigosamente a sério, para o resto de nós) a doutrina platónico do governo da república por filósofos...
16/10/06 10:52
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