A uma voz
Na página 20 do Le Monde de sexta-feira 13/10 (link apenas para abonados) estão dois artigos de opinião sobre a nova lei francesa que criminaliza o negacionismo do genocídio arménio de 1915 na Turquia. O primeiro é escrito por Elif Shafak, uma romancista turca; o segundo é da autoria de três intelectuais arménios, Etyen Mahçupyan, economista, o jornalista Hrant Dink e Ragip Zarakolu, editor.
Os quatro foram perseguidos criminalmente na Turquia por publicações sobre a questão arménia. Os quatro emitem reservas para com esta lei, proposta dos socialistas, que o parlamento francês votou e passou (em 129 votantes dos 577!!!, 106 a favor, 19 contra).
Os quatro foram perseguidos criminalmente na Turquia por publicações sobre a questão arménia. Os quatro emitem reservas para com esta lei, proposta dos socialistas, que o parlamento francês votou e passou (em 129 votantes dos 577!!!, 106 a favor, 19 contra).
Sou apologista de tomadas de posição claras por parte de um país no que consta situações do passado ou do presente que envolvem direitos fundamentais. Julgo que os valores de uma democracia passam à frente dos da diplomacia, mas legislar sobre o passado de outros povos é prova de arrogância e de estratégias politiqueiras e não de clarificação de posições. A França não pretendeu fazer um gesto nobre, a França disfarçou o gesto com o pior da diplomacia, o politicamente correcto. Com esta lei atirou para mais longe a possibilidade da Turquia se juntar à União Europeia, mas pior, radicalizou ainda mais a discussão sobre a questão da adesão e a discussão sobre a questão arménia, para não falar da liberdade de expressão única arma para se encontrar a "verdade verdadeira".
"A intransigência alimenta a intransigência: os sentimentos anti-turcos na Europa agravarão o nacionalismo turco e vice-versa." Elif Shafak
"Não pensamos que as realidades históricas vividas no passado pelo povo arménio precisem de ser registadas ou enquadradas por leis penais. Para bem compreender a história não precisamos de leis mas sim duma ética sólida e de uma consciência moral." Mahçupyan/Dink/Zarakolu
tradução minha
lipemarujo
escrito por Filipe a 4:29 da tarde
2 Pós e Contas:
Mas já ninguém se recorda que elementos destacados da comunidade muçulmana na Alemanha protestaram contra a anulação da ópera de Mozart, afirmando que estariam presentes na sua estreia.
Do mesmo modo, em breve ninguém se lembrará das palavras sensatas que aqui reproduzes. E de quem as escreveu.
É que não interessa.
O que interessa é alimentar o ódio e a intolerância.
Obrigado pela divulgação.
Abraço,
RS
17/10/06 19:06
E mais caro rs, paralelamante a esse "alimentar", existe um "alimentar" diferente e mais perigoso, de uma intolerância deste tipo, camuflada de "boas intenções", isto sim mina objectivos de partilha de culturas e de enriquecimento, porque o ódio óbvio é mais fùacil de combater e identificar.
17/10/06 23:36
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