Revelando o deserto através de um oásis (ou revelando a falta de iniciativas culturais face ao exemplo da Orfeu)

No último Domingo, Elisa Ferreira publicou este artigo no JN. Deixo aqui um excerto que, percebendo-se de imediato porquê, me sastisfez particularmente.
No entanto, o teor do artigo é mais abrangente e vale a pena lê-lo com atenção pois denuncia a apatia crescente a nível cultural em Portugal. A falta de iniciativas culturais simples mas ricas, a falta de envolvimento cívico em questões tão vastas como as artes ou o debate de ideias político supra e a-partidários. Vivemos cada vez mais para dentro, cada vez mais ignorantes portanto, pois só o encontro entre pessoas diferentes e a partilha de ideias diversas pode melhorar o conhecimento e encontrar medidas concretas do aperfeiçoamento individual e colectivo.
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"Num fim de tarde invernoso de um dia de trabalho normal, as duas pequenas salas da livraria Orfeu encheram-se de compatriotas. A livraria é um ponto de encontro da comunidade portuguesa, fruto da dedicação e "carolice" de um nortenho - Joaquim Pinto da Silva - cuja iniciativa, apoiada numa estrutura de apoio familiar, leva a cabo um programa intenso de divulgação de arte e literatura nacionais em terras belgas, para além da venda de jornais e de livros e discos portugueses seleccionados. Já por lá passaram, enchendo as mesmas salas, figuras como José Saramago ou o cientista Manuel Paiva; tratava-se, desta vez, da apresentação do mais recente livro do deputado Miguel Portas, eleito pelo Bloco de Esquerda, um testemunho pessoal sobre o recente conflito no Líbano e a situação no Médio Oriente. A apresentação coube à deputada socialista Ana Gomes que, com a vivacidade que lhe é própria e enorme elegância, teceu grandes elogios ao texto sem deixar de apontar os pontos em que diverge da interpretação do autor; e não o faz em questões menores pois que tem leituras muito distintas sobre o papel da Síria e de Israel ou sobre a caracterização do Hezbollah, justificando-as claramente com base em conhecimentos acumulados e experiências vividas. Na sua intervenção, Miguel Portas agradeceu à apresentadora e manifestou apreço pelo seu trabalho e atributos pessoais, mas quis também incluir uma alusão especial à presença de Vasco Graça Moura (PSD), segundo ele "provavelmente a pessoa no Parlamento Europeu com quem mais divergências tenho neste tipo de temas". Seguiu-se um rico e estimulante momento de troca de ideias e pontos de vista."

lipemarujo