Facturar faz o país avançar?
Na semana passada contratei os serviços de de 2 carregadores, muito naturalmente ir-me-iam entregar a factura do serviço prestado.
Hoje à hora combinada não apareceram. Atrapalhada pela falha contratual e com um horário a cumprir, lá telefonei ao Sr. Júlio [o handyman aqui do office], que rapidamente me arranjou 2 homens disponíveis para fazer uns trocos.
No final do serviço perguntei quanto devia, os senhores lá me disseram o acharam justo. No entanto, considerei que o trabalho valia mais e paguei o que considerei correcto.
Se pedi a factura? Não, não pedi. Se o país avançou? Sim, com certeza que avançou. Com aquele dinheiro extra, aqueles senhores poderão adquirir bens e serviços que de outra forma não o fariam. Com esse pagamento esses fornecedores poderão comprar outras coisas e por aí em diante. É como aquela cantilena que me lembro vagamente : com o tambor fiz uma viola, troquei a viola por uma bicicleta, da bicicleta fiz não-sei-o-quê... [bem, há-de haver alguém que saiba de que canção estou a falar...]
[aL]
Hoje à hora combinada não apareceram. Atrapalhada pela falha contratual e com um horário a cumprir, lá telefonei ao Sr. Júlio [o handyman aqui do office], que rapidamente me arranjou 2 homens disponíveis para fazer uns trocos.
No final do serviço perguntei quanto devia, os senhores lá me disseram o acharam justo. No entanto, considerei que o trabalho valia mais e paguei o que considerei correcto.
Se pedi a factura? Não, não pedi. Se o país avançou? Sim, com certeza que avançou. Com aquele dinheiro extra, aqueles senhores poderão adquirir bens e serviços que de outra forma não o fariam. Com esse pagamento esses fornecedores poderão comprar outras coisas e por aí em diante. É como aquela cantilena que me lembro vagamente : com o tambor fiz uma viola, troquei a viola por uma bicicleta, da bicicleta fiz não-sei-o-quê... [bem, há-de haver alguém que saiba de que canção estou a falar...]
[aL]
Etiquetas: Free Trade, impostos, quotidiano
escrito por aL a 3:12 da tarde
6 Pós e Contas:
"Com aquele dinheiro extra, aqueles senhores poderão adquirir bens e serviços que de outra forma não o fariam. Com esse pagamento esses fornecedores poderão comprar outras coisas e por aí em diante"
Esse raciocínio só estará correcto se se verificarem, simultaneamente, 3 condições:
a) Se Keynes estiver correcto (o argumento de "o pais avança se as pessoas tiverem mais dinheiro para gastar" só faz sentido se Keynes estiver correcto; se Keynes estiver errado, há outros argumentos a favor da evasão fiscal, mas não esse)
b) Se a economia estiver em recessão (se a economia estiver no pleno emprego, o unico resultado de haver mais dinheiro para gastar é subir os preços)
c) Se não existir Pacto de Estabilidade e Crescimento (já que, de acordo com as regras do PEC, há um limite ao deficit orçamental, menos impostos num lado vai ter que implicar mais impostos noutro)
[este meu comment está um bocado entre o pedante e o picuinhas, não?]
14/4/07 12:19
Não chegando ao extremo do comment anterior, permite-me discordar da tua conclusão. Digamos que o sistema fiscal e o crescimento económico é um pouco mais complexo do que "ter dinehro para comprar coisas".
Penso que a iniciativa de criar o hábito de pedir factura é bastante positiva
15/4/07 14:58
A Alaíde é uma neoliberal sem coração para com os burocratas que vão morrer à fome sem a sangria fiscal. Isso de dar trabalho (ou subsídio ao desemprego) às pessoas é da responsabilidade do Estado, que sabe melhor do que nós o que nos é mais conveniente e correcto!
15/4/07 18:27
"A Alaíde é uma neoliberal sem coração para com os burocratas que vão morrer à fome sem a sangria fiscal"
O raciocínio implícito no post da Alaíde não era esse - se a ideia era que a evasão fiscal faz o pais avançar porque as pessoas passam a ter mais dinheiro para gastar*, está implícito que a redução da receita fiscal não iria significar uma redução da despesa pública (já que, se fosse assim, não aumentaria a quantidade de dinheiro para gastar e todo o raciocínio do tambor, da viola e da bicicleta deixa de fazer sentido)
* ou seja, é o clássico argumento keynesiano a favor da redução de impostos (para estimular a procura) e não o argumento "supply-sider" (para estimular a oferta).
15/4/07 19:37
Agora poderíamos era fazer outra reflexão - será que pedir factura contribui para "todos pagarmos menos" (como o governo alega) ou contribui é para aumentar a despesa? Pela experiência adquirida, vejo argumentos para os dois lados:
a) A experiência demonstra que, quando o Estado tem falta de dinheiro, a reacção não é reduzir a despesa mas sim aumentar os impostos, o que parece indiciar que "pedir factura" fará com que os impostos sejam mais baixos do que seriam
b)A experiencia também demonstra que, quando o Estado tem dinheiro, a reacção não é reduzir os impostos mas sim aumentar a despesa, o que parece indiciar que "pedir factura" não fará com que os impostos sejam mais baixos do que seriam
15/4/07 19:56
Ou seja, a experiência mostra que o Estado ou aumenta os impostos ou aumenta a despesa, em vez de diminuir a despesa e os impostos.
Também há outro argumento: é preferível, para o consumidor, uma subida de impostos genéricos do que impostos que incidam sobre bens do consumo, mesmo que a receita seja a mesma, porque incidem sobre curvas de indiferença diferentes.
15/4/07 23:42
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