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terça-feira, outubro 24, 2006

Citações em ricochete

12 Pós e Contas:

Anonymous Anónimo Quis dizer...

Por esse raciocínio, estaria toda a gente a morrer de fome porque só comem se o agricultor deixar. Porque é que podemos pedir às pessoas que paguem pela comida e não pelas auto-estradas?

Na realidade, as coisas não funcionam assim. As pessoas comem apesar de se pagar. No séc XX, as únicas grandes fomes aconteceram quando se tentou destruir o mercado na comida (Ucrânia e o resto da URSS; China; Cambodja). Como diria o outro, e esta, hein?

Porque é que se assume que a única opção será gerir bibliotecas como o Blockbuster? Eu uso uma biblioteca fundada com uma doação privada, como muita gente vai aos espectáculos da Gulbenkian (que não são geridos "como os cinemas das pipocas"), como houve quem fosse ver a exposição da Ellipse &c

24/10/06 02:50

 
Anonymous Anónimo Quis dizer...

Lembrei-me do outro grande argumento anti-libertário: "Se dermos liberdade às pessoas, elas vão praticar sexo com o cão."


http://www.coyoteblog.com/coyote_blog/2006/10/dave_barry_was_.html

24/10/06 03:59

 
Blogger AA Quis dizer...

O Rabbit arrumou com o assunto. O papão do mercado ainda assusta muita gente...

24/10/06 12:27

 
Blogger Miguel Madeira Quis dizer...

"Porque é que podemos pedir às pessoas que paguem pela comida e não pelas auto-estradas?"

Se eu tiver que pagar pelas auto-estradas e por qualquer estrada, rua ou caminho, e não tiver dinheiro, como é que me desloco?

"No séc XX, as únicas grandes fomes aconteceram quando se tentou destruir o mercado na comida"

Na Etiópia houve fome, não apenas durante o comunismo, mas ta,mbém durante o regime imperial.

24/10/06 12:29

 
Blogger Miguel Madeira Quis dizer...

"O papão do mercado ainda assusta muita gente..."

Bem, na verdade, parece-me que a citação tem mais a ver com o "papão da propriedade" do que com o "papão do mercado" - afinal, a objecção em causa (que, se tudo fôr privado, quem não tenha dinheiro não se consegue mexer) aplica-se tanto, quer essa propriedade privada tenha sida adquirida no mercado, quer por "doação real" ou coisa assim

24/10/06 12:41

 
Blogger AA Quis dizer...

Curiosamente, eu tenho de pagar por toda a comida e bebida que consumo. Caso contrário, em dois ou três dias estaria morto... E olho à volta e não vejo ninguém a morrer à fome, só mesmo em países onde não se reconhece os direitos à propriedade...

24/10/06 19:08

 
Blogger aL Quis dizer...

sim antónio, mas não tens de pagar para andares no passeio, não tens de pagar para apanhares sol, para subir uma montanha, para te banhares numa lagoa. por essa razão terás recursos financeiros para pagar por toda a comida que consomes.

no caso limite apresentado, porque o indivíduo tem de pagar por tudo, e os seus recursos financeiros são mais limitados que a maioria, este vê a sua liberdade mais condicionada que os restantes individuos...

próximo capitulo: the inadequate defense of dignity objection

25/10/06 00:26

 
Blogger Miguel Madeira Quis dizer...

A respeito desta questão (a relação entre liberdade e propriedade, nomeadamente propriedade do solo), aproveito para sugerir dois textos:

http://www.tpaine.org/landgov.htm
http://infoshop.org/faq/secF5.html

25/10/06 01:08

 
Blogger AA Quis dizer...

Alaíde,

É muito poético. Eu comecei a escrever

"Passeios: é curioso que nos centros comerciais não tens de pagar para andares nos corredores;"

Mas depois lembrei-me que percebes mais de Economia do que dás a entender. Não existe consumo sem produção. Ou seja, para haver bens e serviços pagos, alguém tem de os produzir, ou de lhes acrescentar valor. Ou seja, a riqueza da economia seria maior. Olha para o consumo sem olhar para a produção é um erro de palmatória. Claro que por esse modelo bonito, o ideal "económico" era ser tudo "público". Com as consequências conhecidas.

26/10/06 18:53

 
Blogger aL Quis dizer...

António, não compreendo, porquê que se não se aceitar que tudo deva ser privado, é porque se defende que tudo deve ser "público" [??].

De qualquer das forma o exemplo proposto é um exemplo limite, mas que por isso mesmo revela a necessidade de alguma limitação da liberdade individual, para que todas as todas as liberdades individuais possam co-existir de igual forma...

28/10/06 18:02

 
Blogger AA Quis dizer...

Que lógica tens tu para apresentar para não "aceitares" que "tudo" seja privado? Ou qualquer coisa que seja? Se a distribuição de propriedade (estatal/privada) fosse diferente da que hoje é, que lógica apresentarias tu? Baseias as tuas observações em juízos emocionais. É claro que tens razão em sentires o que sentes; mas isso não é um sistema racional que possa justificar as conclusões objectivas a que chegas.

De resto, os teus exemplos-limite foram desafiados, e nada acrescentas. Por exemplo, não pagas os "passeios" interiores de um centro comercial. Mas se fossem "públicos", a tua objecção seria a mesma (terias de os pagar, ai coitadas das pessoas), e a realidade seria diferente (provavelmente, a mesma de hoje em dia). Está errada a tua objecção ou a realidade?

28/10/06 20:29

 
Blogger Miguel Madeira Quis dizer...

Não sei se alguém ainda vai ler isto, mas:

"Não existe consumo sem produção"

Não é bem assim: os exemplos dados no post têm muito a ver com um bem especifico ("espaço geográfico"), que é em larga medida um bem não produzido (o passeio pode ter sido construido, mas o espaço aonde ele foi construido na maioria esmagadora dos casos não foi construido por ninguém). E não nos esqueçamos que o argumento "se tudo fôr privado, não podemos ir para lado nenhum sem autorização" tem a ver, não tanto com a posse privada de ruas e estradas, mas sobretudo com a posse privada de "espaço".

"De resto, os teus exemplos-limite foram desafiados (...)Por exemplo, não pagas os "passeios" interiores de um centro comercial"

Eu posso distribuir panfletos na rua sem pedir autorização a ninguém e não posso fazer isso dentro de um centro comercial. Logo, se a questão é a influência da propriedade privada na liberdade, penso que o "desafio" foi respondido.

Desenvolvendo a questão, se tudo fosse privado e não houvesse limite ao direito de propriedade, teriamos algo parecido a um conjunto de mini-monarquias absolutas (aliás, alguns liberais, como Hans-Hermann Hoppe, defendem abertamente a "monarquia absoluta" como a "menos má" forma de governo, exactamente por ser a mais parecida com a propriedade privada absoluta)

30/10/06 14:22

 

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