Pequeno balanço
Um pequeno balanço das eleições comunais belgas (mais ao menos equivalentes às nossas autárquicas) que se realizaram domingo passado.
Primeiro dizer que os políticos cá não são muito diferentes dos nossos. No fim de um acto eleitoral todos eles "ganharam", todos eles estão contentes e sorridentes.
A Bélgica é formada por duas regiões federais, a Valónia (francófona) e a Flandres (flamenga), e também a região de Bruxelas Capital. Na Valónia em relação às eleições de 2000, o PS perdeu força (perde comunas em cidades importantes devido a casos de corrupção local) mas mantém-se o partido mais votado seguido do MR (liberais francófonos) que também têm uma quebra em relação a 2000. O CDH (partido que se diz centrista) é a grande surpresa com uma subida em força em relação às últimas eleições.
Na Flandres o medo vinha do resultado da extrema-direita. Mas a ameaça ficou-se apenas por isso, o Vlams Belang sobe mas não terá nenhum burgomestre, aliás o resultado do partido racista estagna. O partido mais votado foi o CD&V (partido social-cristão) que reforçou a posição de 2000, o VLD (liberais flamengos, partido do primeiro-ministro) asseguram a segunda posição mas perdem força enquanto que o SP.A (socialistas flamengos) mantém um discreto 4o lugar atrás do Vlams Belang.
O balanço que faço é sobretudo sobre o Vlams Belang (VB). Era esperado em Antuérpia um grande resultado da extrema-direita, falava-se até num possível burgomestre. Jornalistas de toda a Europa vieram famintos de ver um extremista rejubilar numa possível vitória democrática de um partido xenéfobo, não estavam sequer interessados em saber o nome do vencedor. Os média belgas apontaram o dedo a esta situação, ao interesse "macabro" que a comunidade internacional tinha para com a cidade portuária, quase que esperavam vê-la transformar-se na cidade negra da Europa, na cidade da extrema-direita. Não foi o caso. A lista de Patrick Janssens do SP.A foi a mais votada.
Mas apesar da estagnação do VB, políticos, média e analistas sabem que a ameaça não desapareceu. O jornal Le Soir tornou-o claro no editorial de segunda feira, o combate contra este partido (e outros do género) é um combate diário e a longo prazo.
De resto, fez-se democracia no domingo, num país com cerca de 10 milhões de habitantes, 7 milhões votaram, lembro que na Bélgica o voto é obrigatório. Esta semana e talvez na outra também, o lugar é dado a negociações, é que em muitas comunas acordos entre partidos são necessários para construir maiorias estáveis.
lipemarujo
escrito por Filipe a 1:02 da tarde
0 Pós e Contas:
Enviar um comentário
<< Home