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sexta-feira, abril 27, 2007

Aznar

José Maria Aznar esteve anteontem no Porto e participou numa conferência oganizada pela Associação Comercial do Porto. Eis algumas das coisas que disse:

"o multiculturalismo na Europa é um grande erro e um grande fracasso"

"Dizem que o multiculturalismo é o exemplo máximo de tolerância. Não é verdade. Haver uma lei igual para todos é que é tolerância"

"João Paulo II foi o líder político mais importante que conheci por ter sido decisivo para a queda do comunismo"

"Bento XVI proferiu a frase mais inteligente de entre todas as que ouvi nas centenas de discursos sobre os 50 anos do Tratado de Roma, ao afirmar que "a Europa está condenada a ser inexistente""

"O Mundo é melhor sem os taliban, Milosevic e Saddam Hussein"

"Lamento que ainda haja quem condene as ditaduras de direita e que nada diga contra o ditador de Cuba, Fidel Castro"

"Não gosto de ditadores nem de líderes light. Não gosto de líderes light e o Mundo está cheio de líderes light"

Vamos por partes:

Sobre a Europa. Não sei bem o que Aznar entende por multiculturalismo, mas se o considera um erro que pretende o ex-Presidente do Governo Espanhol? E onde está a incompatibilidade com a "lei ser igual para todos"? Compreendo os receios de ver uma Europa a vacilar nos seus direitos mais básicos e fundamentais em nome de uma "tolerância" acéfala. A tolerância começa não na aceitação do outro mas na aceitação de valores fundamentais comuns. Mas não concordo quando se afirma que o esforço do projecto Europeu em aceitar outras culturas, em integrá-las, foi e é um erro. As palavras de Bento XVI que Aznar louva são ruído apenas. Europa inexistente? Que quer isso dizer? Prefere-se a Europa de grande parte do século XX em guerra? Ou a de Napoleão, ou da época Romana? Claro que existem decisões importantes a tomar para o futuro da União, e a questão de identidade é importante, mas passa pelo aprofundamento das relações com outras culturas e não pelo receio das mesmas.

Sobre o Mundo ser melhor sem Saddam é uma generalidade com a qual se pode concordar facilmente, mas analisar o que se passou desde a queda do ditador e tirar conclusões já é mais difícil, sobretudo para quem apoiou a invasão. O Mundo infelizmente não éstá melhor sem Saddam, e para eu chegar a uma conclusão destas é preciso estar muito. São precisas as mentiras descaradas com que se avançou e é precisa falta de responsabilidade e de competência demonstradas para levar a bom cabo uma operação destas.

Sobre Fidel e os líderes light, acho curiosa a posição de Aznar, ele que foi Primeiro-Ministro não me recordo de ver a Espanha a tomar posições claras e com consequências em relação a Cuba ou de ver Aznar a criticar líderes "light".

lipemarujo

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