RE: Facturar faz o país avançar?
Na continuação destas discussões:
O aumento da procura de determinado bem ou serviço origina 2 movimentos na economia de sentido inverso. Movimentos esses que podem ou não ser coincidentes no tempo.
Como o Miguel Madeira muito bem diz, [as pessoas ao] terem mais dinheiro para gastar apenas originará um aumento dos preços, isso será a reacção imediata dos agentes económicos. Ao verificarem que determinado bem/serviço é mais valorizado pelos consumidores e naturalmente mais procurado, este tornar-se-á mais escasso, subindo naturalmente de preço [causado por estas 2 variáveis]. No entanto, se a economia for realmente livre [i.e. sem entraves à saída e entrada dos agentes], este aumento de procura estimulará novos agentes a entrarem no mercado e a concorrerem directamente com os outros fornecedores desse bem. Esta nova concorrência originará tendencialmente uma descida de preço e/ou melhoria na qualidade do bem/serviço [obviamente se não houver uma cartelização desse mercado. Mas aí o Estado tem de assumir o seu papel de regulador]. O que será sempre benéfico para o consumidor.
Na economia "paralela" o dinheiro pago é totalmente injectado no mercado. No caso da economia "oficial", apesar dos impostos recolhidos serem posteriormente redistribuídos, eles o não são na sua totalidade, pois parte ficará retida para cobrir custos administrativos e logísticos. Isto para não falar na ineficiência e/ou desadequação dessa redistribuição.
No entanto e no seguimento da campanha "se todos pagarem os impostos, você pagará menos" está ainda por demonstrar a veracidade desta afirmação.
[aL]
O aumento da procura de determinado bem ou serviço origina 2 movimentos na economia de sentido inverso. Movimentos esses que podem ou não ser coincidentes no tempo.
Como o Miguel Madeira muito bem diz, [as pessoas ao] terem mais dinheiro para gastar apenas originará um aumento dos preços, isso será a reacção imediata dos agentes económicos. Ao verificarem que determinado bem/serviço é mais valorizado pelos consumidores e naturalmente mais procurado, este tornar-se-á mais escasso, subindo naturalmente de preço [causado por estas 2 variáveis]. No entanto, se a economia for realmente livre [i.e. sem entraves à saída e entrada dos agentes], este aumento de procura estimulará novos agentes a entrarem no mercado e a concorrerem directamente com os outros fornecedores desse bem. Esta nova concorrência originará tendencialmente uma descida de preço e/ou melhoria na qualidade do bem/serviço [obviamente se não houver uma cartelização desse mercado. Mas aí o Estado tem de assumir o seu papel de regulador]. O que será sempre benéfico para o consumidor.
Na economia "paralela" o dinheiro pago é totalmente injectado no mercado. No caso da economia "oficial", apesar dos impostos recolhidos serem posteriormente redistribuídos, eles o não são na sua totalidade, pois parte ficará retida para cobrir custos administrativos e logísticos. Isto para não falar na ineficiência e/ou desadequação dessa redistribuição.
No entanto e no seguimento da campanha "se todos pagarem os impostos, você pagará menos" está ainda por demonstrar a veracidade desta afirmação.
[aL]
Etiquetas: Free Trade, impostos
escrito por aL a 12:44 da tarde
10 Pós e Contas:
Como o Miguel Madeira muito bem diz, [as pessoas ao] terem mais dinheiro para gastar apenas originará um aumento dos preços,
Que me desculpe o Miguel, mas ele diz mal.
O aumento de preços só se dá quando há alteração da oferta ou da procura, ou como consequência da inflação, fenómeno que depende do aumento não antecipado da quantidade de dinheiro em circulação.
Com mais dinheiro no bolso das pessoas, e com um mercado livre, não haveria pressões inflacionistas adicionais.
Antes pelo contrário, diminuiriam.
Quando há um regime de gastos públicos ("investimentos") casuísticos, há injecções arbitrárias de dinheiro em sectores específicos da Economia. Há uma procura desequilibrada, aumentam os preços; e depois ou se dá a ressaca, ou se mantém o "investimento público".
25/4/07 15:27
António, leste o post até ao fim, ou ficaste bloqueado na frase que citas?
Embora o Miguel não o afirme explicitamente, eu parti do pressuposto de que esse aumento de preço é causado pelo aumento da procura [portanto havendo uma alteração da procura], como mais à frente afirmo.
A única coisa que aponto a essa análise do Miguel, é que ele parece omitir que a subida de preços [causada pelo aumento da procura] estimulará outros agentes a entrarem no mercado.
Bom, reparo agora que não tenho em conta que esse dinheiro adicional, pago aos 2 indivíduos, poderá não ser imediatamente gasto na aquisição de bens/serviços, mas sim ir para poupança...
25/4/07 16:46
«Como o Miguel Madeira muito bem diz, [as pessoas ao] terem mais dinheiro para gastar apenas originará um aumento dos preços, isso será a reacção imediata dos agentes económicos»
Na verdade, o que eu teria dito (se quisesse ser ainda mais picuinhas), seria exactamente o oposto - que a reacção imediata dos agentes económicos até seria aumentar a produção, mas ao fim de algum tempo o resultado seria apenas um aumento de preços.
"Ao verificarem que determinado bem/serviço é mais valorizado pelos consumidores e naturalmente mais procurado, este tornar-se-á mais escasso, subindo naturalmente de preço [causado por estas 2 variáveis]. No entanto, se a economia for realmente livre [i.e. sem entraves à saída e entrada dos agentes], este aumento de procura estimulará novos agentes a entrarem no mercado e a concorrerem directamente com os outros fornecedores desse bem"
A aL está a confundir os efeitos do aumento do preço relativo de um bem especifico com os efeitos de um aumento geral de preços.
Se o preço do pão aumentar em relação ao preço das máquinas fotográficas, isso originará um aumento da produção de pão (e uma diminuição da produção de máquinas fotográficas), já que recursos que antes eram utilizados para a produção de máquinas fotográficas serão transferidos para a produção de pão. Mas não há razão nenhuma para um aumento general dos preços originar um aumento geral da produção (se houvesse uma reforma monetária e todos os preços fossem multiplicados por 10 isso, em principio, não iria ter efeitos na economia real).
26/4/07 00:17
"O aumento de preços só se dá quando há alteração da oferta ou da procura, ou como consequência da inflação, fenómeno que depende do aumento não antecipado da quantidade de dinheiro em circulação."
Essa do "não antecipado" é que não concordo - a longo prazo, um aumento da quantidade de dinheiro em circulação maior que o aumento da produção gera sempre inflação, quer seja antecipado ou não; e, a curto prazo, o que gera inflação são exactamente os aumentos antecipados:
se se está à espera de um aumento da moeda em circulação da ordem dos, digamos, 3% ao ano acima do aumento da produção, isso faz logo com que os agentes, logo à cabeça, actualizem os seus preços em 3% ao ano (exactamente porque estão à espera de uma inflação de 3%); o que, a curto prazo, não originará inflação será um aumento não antecipado - se a moeda crescer 4% em vez de 3%, efectivamente, a inflação, durante algum tempo, não irá ser de 4% porque, como está tudo à espera de uma inflação de 3%, os preços foram ajustados nesses 3% e, durante algum tempo, temos efectivamente uma expansão económica (já que o dinheiro para gastar aumentou mais que os preços, logo vai ser possível comprar mais coisas - no entanto, a médio/longo prazo, esse aumento da procura irá gerar também um aumento da taxa de inflação, anulando os efeitos expansionistas da expansão monetária)
26/4/07 00:38
O engraçado disto é que a aL e o AA parecem estar a ir num keynesianismo radical (em que o aumento da procura origina sempre aumento da produção), enquanto eu, no meu último comentário, quase que repeti o que Milton Friedman começou a dizer nos anos 70...
26/4/07 00:56
Miguel, tenho alguma dificuldade em perceber a co-relação que criaste entre o pão e as máquinas fotográficas. São bens de natureza bastante diferentes, com diferentes elasticidades. a sensibilidade dos agentes económicos (consumidores e produtores) a um aumento de preço do pão é muito diferente à mesma sensibilidade no que diz respeito às máquinas fotográficas.
«A aL está a confundir os efeitos do aumento do preço relativo de um bem especifico com os efeitos de um aumento geral de preços.»
Não, não estou. eu refiro-me sempre ao aumento de preço de um bem específico, apenas não o nomeio. não fui eu que chamei para a discussão a questão da inflação.
«Se o preço do pão aumentar em relação ao preço das máquinas fotográficas, isso originará um aumento da produção de pão»
Miguel, parece que estamos a dizer o mesmo, eu apenas não exemplifico com bens concretos. [determinado bem/serviço é mais valorizado pelos consumidores (...)subindo naturalmente de preço (...)estimulará novos agentes a entrarem no mercado] ]
Grande parte da minha vida académica fui instruída dentro do modelo keynesiano, portanto é natural que essas bases me preguem de vez em quando uma partida.
Quanto ao AA, bem esse professa outra "religião" que não a minha, embora por vezes possamos ter opiniões coincidentes. Mas isso talvez por eu ser uma ricardiana irredutível ;)
26/4/07 01:27
"Miguel, tenho alguma dificuldade em perceber a co-relação que criaste entre o pão e as máquinas fotográficas."
Foi apenas um exemplo, para ilustrar a regra geral "se o preço do produto A aumentar em relação ao preço do produto B, em principio a oferta do produto A vai aumentar e a do produto B diminuir" (ainda pensei em pens para o cumputador e berbequins,mas depois fiquei-me pelo pão e a máquina fotográfica).
"Não, não estou. eu refiro-me sempre ao aumento de preço de um bem específico, apenas não o nomeio"
Mas o aumento de preços originado por as pessoas terem "mais dinheiro para gastar" é o aumento do nivel geral de preços (é verdade que dentro desse aumento geral, pode haver alguma variação de preços relativos, com alguns a aumentarem em relação ao outros, mas não é dessa variação que eu estava a falar).
26/4/07 14:10
Foi apenas um exemplo,
pois, mas o pão é um bem que não deve ser usado para este tipo de comparações, dado que é um bem básico, portanto os comportamentos da oferta e da procura são diferentes do que seria de esperal de um bem não-essencial.
no entanto eu, neste exemplo, parto sempre do princípio de que os indivíduos vão optar por usar o seu dinheiro imediatamente, e não o vão querer poupar. a indução para a poupança que este acréscimo de resdimento poderá conduzir, produziria efeitos diferentes.
mas no fim de contas, este aumento foi meramente momentâneeo, e o mais provável for ter sido gasto em cerveja e cigarros, ahahahah!!!
26/4/07 15:39
"mas o pão é um bem que não deve ser usado para este tipo de comparações, dado que é um bem básico, portanto os comportamentos da oferta e da procura são diferentes do que seria de esperal de um bem não-essencial."
Os comportamentos da procura serão diferentes. Os da oferta (que é o que estamos a falar) não serão muito influenciados por o pão ser um bem essencial ou não.
26/4/07 15:59
Os da oferta (...) não serão muito influenciados por o pão ser um bem essencial ou não.
Miguel mas a oferta está correlacionada com a procura. portanto se o comportamento da curva procura (e respectiva elasticidade) de bens essenciais tem um comportamento diferente dos restantes bens, é natural que a oferta reaja de forma diferente, não?
28/4/07 13:17
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