Wild River
Roosevelt tinha sido eleito no ano anterior, contudo o seu plano de construção de uma Nova América progredia a uma velocidade alucinante. A criação de Agências Federais avançava ao ritmo do alfabeto. Agências que pretenderam direccionar uma vasta área da actividade social e económica rumo ao progresso. É a partir deste momento que o tradicional conceito de liberal diverge do conceito de classical liberal [nos EUA, obviamente]
É neste contexto que Chuck Glover [funcionário da TVA] chega a uma pequena cidade rural do Tennessee com uma missão muito concreta: coordenar todos os preparativos para a aberturas das comportas de uma barragem no rio Tennessee. No entanto, aquilo que parecia ser uma tarefa fácil – pois (quase) todos os proprietários de terras que iriam ficar inundadas pela barragem, tinham vendido os terrenos ao Estado - torna-se numa tarefa quase impossível quando Glover se depara com a matriarca Garth que se recusa a vender. Tudo se torna difícil quando Chuck sucumbe ao desejo, um desejo não só um por Carol, mas o desejo por uma família.
O Montgomery Clift que aqui nos surge é o destroço do homem mais bonito do mundo. Toda a personagem de Chuck é construída nessa fragilidade, nessa impotência face a esse algo maior que ele representa [Monty: o arquétipo da Beleza Masculina, Chuck: o arquétipo do burocrata de Washington]. É essa debilidade de Monty projectada em Chuck, que transforma a personagem em algo verdadeiramente humano e desesperadamente necessitado do amor de Carol. É interessante que, aqui Lee Remick não é poderosamente bela como Taylor (em Cat on a hot tin roof ), nem tem a cândida beleza de Wood (em Spendor in the grass), mas assume com competência o papel da jovem mãe recentemente enviuvada. Aliás a cena
Mas voltando ao funcionário do TVA e a outra cena marcante no filme. Após várias tentativas por parte de Chuck, a matriarca acede conversar com enviado de Roosevelt. Leva-o até às habitações dos negros [de relembrar que a acção passa-se num estado sulista, 30 anos antes dos 60’s] e sem falar directamente para Chuck “liberta” os trabalhadores, para que possam decidir se querem ficar naquele pedaço de terra ou se preferem sair. É aqui que Ella Garth tenta comprar o cão a Sam – seu fiel trabalhador. Garth vai insistindo com Sam que quer comprar o cão, que lhe paga USD$15 o que é mais do que ele vale. Sam recusa “eu não vendo o meu cão” “mas eu quero comprar!” teima Ella. No final, obviamente que Sam não vende e Ella olha friamente para Chuck. Aliás o único momento
No final do filme o progresso chega às margens do rio Tennessee.
[aL]
Etiquetas: Beleza, coisas de Estado, Cultura, Filmes
escrito por aL a 2:12 da manhã
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