Hábitos e costumes
Portugal é dito como sendo um país tradicionalmente de brandos costumes. Orgulhamo-nos de tal.
Estes dias fui “para a noite” com alguns amigos, entre os quais se encontravam alguns alemães. Os hábitos revelaram-se logo na hora de início do jantar. Oito da noite já é algo tardio para os costumes alemães, habituados a uma refeição ligeira às 6 da tarde, mas algo cedo para os nossos hábitos mediterrâneos.
O espanto prolongou-se com a proposta de abalo para a ribeira às dez da noite. Avisámos que seria algo cedo para tal, que apenas estaríamos acompanhados de empregados de mesa e alguns pedintes ou vendedores de rosas madrugadores. Porém os nossos avisos esbarraram na típica obstinação alemã, e crença de que este cenário fosse exagero lusitano. O cenário confirmou-se.
Após algumas cervejas, tremoços e bebidas que de brancas apenas têm o nome, mais uma vez é sugerida a mudança de pousio, agora para uma das já decadentes e vazias “discotecas” ribeirinhas (para quando uma requalificação daquela zona que transforme aqueles bares, que já perderam a sua clientela para os tubarões dos grandes empreendimentos industriais, numa espécie de Cais do Sodré portuense?). Mais uma vez escorre o lamento da hora, mas as ameaças germânicas de um rumo a casa fazem-nos ceder. E mais uma vez, as premonições mostraram a força do hábito. Mas lá entrámos a umas “tardias” 1h30 da manhã (esta é a hora de fim de noite alemã).
Como é possível?, perguntará o mais típico noctívago português. Durante a uma conversa com uma das ditas estrangeiras, foi-me perguntado como é possível iniciar-se actividades dançantes àquelas horas. Contestei que a noite dura muitas vezes até às seis da manhã, com paragem obrigatória numa qualquer barraca de cachorros ou hambúrgueres.
“E tempo para os amigos, para as leituras, para trabalhar?” perguntam-me. Fico sem resposta. E depois queixem-se da falta de produtividade de 40 horas semanais de trabalho. Depois queixem-se que os portugueses não têm tempo para ler, que nos tornamos iletrados. Não temos tempo. Não é que por estas bandas ele passe mais depressa. Apenas temos outras prioridades.
Vivam os brandos costumes portugueses.
Estes dias fui “para a noite” com alguns amigos, entre os quais se encontravam alguns alemães. Os hábitos revelaram-se logo na hora de início do jantar. Oito da noite já é algo tardio para os costumes alemães, habituados a uma refeição ligeira às 6 da tarde, mas algo cedo para os nossos hábitos mediterrâneos.
O espanto prolongou-se com a proposta de abalo para a ribeira às dez da noite. Avisámos que seria algo cedo para tal, que apenas estaríamos acompanhados de empregados de mesa e alguns pedintes ou vendedores de rosas madrugadores. Porém os nossos avisos esbarraram na típica obstinação alemã, e crença de que este cenário fosse exagero lusitano. O cenário confirmou-se.
Após algumas cervejas, tremoços e bebidas que de brancas apenas têm o nome, mais uma vez é sugerida a mudança de pousio, agora para uma das já decadentes e vazias “discotecas” ribeirinhas (para quando uma requalificação daquela zona que transforme aqueles bares, que já perderam a sua clientela para os tubarões dos grandes empreendimentos industriais, numa espécie de Cais do Sodré portuense?). Mais uma vez escorre o lamento da hora, mas as ameaças germânicas de um rumo a casa fazem-nos ceder. E mais uma vez, as premonições mostraram a força do hábito. Mas lá entrámos a umas “tardias” 1h30 da manhã (esta é a hora de fim de noite alemã).
Como é possível?, perguntará o mais típico noctívago português. Durante a uma conversa com uma das ditas estrangeiras, foi-me perguntado como é possível iniciar-se actividades dançantes àquelas horas. Contestei que a noite dura muitas vezes até às seis da manhã, com paragem obrigatória numa qualquer barraca de cachorros ou hambúrgueres.
“E tempo para os amigos, para as leituras, para trabalhar?” perguntam-me. Fico sem resposta. E depois queixem-se da falta de produtividade de 40 horas semanais de trabalho. Depois queixem-se que os portugueses não têm tempo para ler, que nos tornamos iletrados. Não temos tempo. Não é que por estas bandas ele passe mais depressa. Apenas temos outras prioridades.
Vivam os brandos costumes portugueses.
escrito por Anónimo a 3:54 da tarde
1 Pós e Contas:
Para quando o sentido de responsabilidade,a eficiência e a gestão do tempo dos nórdicos e centro-europeus em terras lusas? Para nunca, enquanto a lógica do "deixa andar" do, "fulano está onde está porque é por cunha" e finalmente do "é preciso ser um génio p'ra se chegar ali, pá!" continuar a vigorar.As pessoas não trabalham mais porque acham que não vale a pena! E isto começa desde as bases, basta entrar numa sala de escola-primária para se perceber. Depois falta o espírito de sacrifício e a consciência da necessidade de trabalho.
Somos demasiado boémios e pouquíssimo académicos.
Tenho dito.
3/8/05 01:17
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