«O número de selecções do clube [Book of the Month Club] expandiu-se, quase triplicou entre 1980 e 1998. Tudo o que era suposto as pessoas querem comprar – livros de cozinha, guias matrimoniais e romances populares – era incluído na lista. Era uma inversão completa da ideia original. Em vez de tentar moldar o gosto popular, o CLM estava a tentar refecti-lo. *
(...)
* Esta tentativa falhou e o CLM está a tentar regressar ao modelo original. Nomeou um novo corpo de juízes, incluindo escritores de nomeada como Anna Quindle, que faz selecções para os membros. O facto deste novo modelo ter sucesso sugere que as pessoas querem, apesar de tudo, alguma orientação na vida cultural. (N. do A.)»
(blod meu)
Fareed Zakaria, in O Futuro da Liberdade (edição Gradiva - 2005)
5 Pós e Contas:
Cara Alaíde,
Excelente provocação no seguimento do que escrevi ontem. Repara que eu não disse que as pessoas não querem ser oreitentadas - pelo menos algumas. Isso é uma questão "empírica". O que eu referi é que o argumento do post anterir (ou seguinte, dado que está em baixo) não era necessariamente válido, da forma como estava construído.
Há outros trÈs pontos que este teu post me suscita:
1. Problema de selecção amostral: é provável que quem entre nestes clubes (isto não é pejorativo/pedante, estou a tentar ser isento) precise de orientações de leitura mais do que outros. Aqueles que (por sorte, seja o que for) têm as suas tertúlias privadas - e geradas de FORMA ESPONTANEA - ou que são umas bestas individualistas e consomem livros nas trevas do seu quarto, não iriam provavelmente para um club e destes. Enfim, o ponto é só este: é muito provável que NA POPULAÇAO haja "alguma" parcela de pessoas que tenha um gostinho por "ser oprientada", e a AMOSTRA nestes clubes será ENVIESADA nesse sentido, e não uma amostra REPRESENTATIVA da população (o que se chama problema de selecção amostral)
2. Mas, de facto, surgir um grupo ou clube deste tipo, é muito natural. POde acontecer de forma espontânea - por iniciativa dum conjunto de leitores - ou pode ser uma resposta do mercado a uma procura latente (como diria o João MIranda). Ou seja, esse clube é "eficiente". Porque traz informação às pessoas, diminuindo a assimetria informaicional que elas têm, ao propor certas escolhas.
3. O facto de esses clubes surgirem de forma livre ou não, não indica que o Estado tenha necessariamente que ter um papel, tal como o facto de as pessoas individualmente e de forma privada terem "gosto" por contribuir para certas causas de caridade também não IMPLICA que o EStado (também o deva fazer).
Repara que eu não estou (sequer) a dar a minha opinião. Estou só a comentar as implicações que existem ou não neste caso.
Acho que a tua frase a bold com size Large é importante porque demosntra evidência que CERTAS pessoas gostam de ser orientadas. Isso é improatnte e não pode ser bnegado ou menosprezado. Mas também não pode ser representativo e, mesmo que seja, isso não implica imediatamente que o Estado deva ter determinadas funções.
Como sabes, eu acho que o Estado DEVE ter determinadas funções na cultura. Mas não basearia demasiado essa argumentação na ideia deste excerto, porque detesto paternalismos e interferências excessivas e não provenientes de um "contrato" pré-acordado.
16/11/05 09:54
Tiago, mil desculpas por não poder responder-te com o mesmo nível. mas hoje, se quero sair do office a horas decentes, não poderei perder muito tempo. mais uma vez desculpa!
não vou discutir aqui a representatividade da amostra. o que é importante para mim [e aqui estou a dar a MINHA OPINIÃO, e não a racionalizar cientificamente ao meu discurso] é que a orientação é fundamental ao crescimento do individuo. MAS ESSA ORIENTAÇÃO NÃO PODE DE FORMA ALGUMA IMPLICAR A CASTRAÇÃO DO LIVRE PENSAMENTO.
16/11/05 10:50
"é que a orientação é fundamental ao crescimento do individuo."
Se substituires "orientação" por "educação" eu sou capaz de subscrever. Mas o "orientação" soa-me demasiado paternalista e superimposed... mas percebo o teu ponto. Mais do que castrar o livre pensamento, estaria em questão a lberdade individual de escolha.
O que eu acho é até o contra´rio: para que o "livre pensamento" possa ser real, por vezes poderá não ser sufuciente a tal ordem espontânea, e isso pode justificar alguma intervenção. Ainda que isto pareça paradoxal, acho que não é. É possível que para que o livre pensamento seja um facto, alguma coisa tenha que ser feita. Isto é um perigo - claro! ningue´m diz que nao! Eu nao éstou a advogar nada em concreto mas a sublinhar a questão de princípio. Se o Estado intervir é sempre um pergio, acho que todos concordamos que se a TVI fosse monopolista em POrtugal (o que PODE acontecer com uma qualquer "oredem espontanea") isso seria um pergio para o livre pensamento.
PS: no worrries, eu também estou busy e nem devia alongar-me muito! Inté!
16/11/05 12:24
educação não deixa de ser divulgação de informação previamente orientada.
Eu sou gosto muito da ideia do "mentor”, isto não significa que defenda qualquer tipo de paternalismos [não defendo paternalismo algum] ou endeusamentos e cultos da personalidade.
Para mim o conceito de “mentor” implica a discussão de ideias e é isso que me interessa: o debate!
Talvez eu esteja condicionada, porque sempre PROCUREI “mentores”, mas não me sinto diminuída na minha individualidade por causa disso, muito pelo contrário. Esta MINHA iniciativa foi-me dotando de uma grande flexibilidade de pensamento e de compreensão de ideias diferentes das minhas (o que não quer dizer que as aceite…) - pelo menos eu gosto de pensar que isto é verdade.
Bem, a minha "personal assistant" vai-me dar cabo da cabeça, quando perceber que terei de voar para cumprir a agenda de hoje ;)
16/11/05 13:13
Não quero que não cumpras a tua agenda, mas queria só adicionar o teu "PROCUREI" esclarece bem as coisas, porque corresponde a uma escolha pessoal e livre. A educação é necessária, claro. A questáo é em que moldes se faz. E para quem. Educação para crianças - claro. Educação mais ou menos "forçada" para adultor é paternalismo. Acho que temos ideias 99% semelhantes e a discordância veio apenas do uso de algumas expressões que achei ´passíveis de interpretações travessas. Eu, além de "mentores", gosto de "tutores" também. Ossos do ofício ;)
Bom trabalho!
(Não respondas hoje!!)
16/11/05 14:14
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