Lendo Faulkner
Primeiro contacto com Faulkner com "Luz em Agosto". Passadas 40 páginas das 443 do livro, já deu para perceber o porquê do Prémio Nobel em 1949. Faulkner não descreve nem explica, mostra e compreende, não se inclina para o bem nem para o mal, mas revela como estes dois conceitos se misturam, coabitam e se tornam inseparáveis. Deixo aqui um excerto de um monólogo interior de um personagem do romance. Como aquilo que pensa se afasta daquilo que fez. Este homem que fala sobre uma mulher grávida, apesar do que diz foi o primeiro a ajudá-la:
"São assim as mulheres. Esta era capaz de ser a primeira a difamar outra mulher e anda por aí sem aparentar vergonha, porque sabe que as pessoas, os homens, vão ajudá-la. Com as mulheres não quer nada. Não foi nenhuma mulher que a meteu naquilo a que ela nem sequer chama sarilhos. Sim, senhor. É só deixar uma delas meter-se em sarilhos sem estar casada e logo se separa nesse instante da raça feminina e passa o resto da vida a tentar juntar-se à raça masculina. É por isso que elas agora cheiram rapé e fumam e querem votar."
lipemarujo
escrito por Filipe a 12:44 da tarde
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