Mitos que caem
Nos meus anos de escola, tirando no 12o em que ia na minha Milecas, uma motocicleta Ciao, ia para as aulas num dos autocarros disponibilizados pela escola. O motorista era um italiano de nome Benito. Rondava os 50 anos, vestia um casaco de ganga escuro, falava francês com aquele sotaque transalpino inconfundível, gostava de futebol, tinha sido camionista de produtos tóxicos e radioactivos no passado, tinha uma pequena cicatriz no rosto provocada por uma porrada da polícia quando era adolescente, enfim, o Benito tinha pinta e naturalmente tornou-se num dos meus ídolos na altura. Mas um dia, talvez o único em que o vi fora do autocarro, o Benito cumprimentou-me apressado, devia estar atrasado, e começou a correr. O mito caíu... não é que o raio do homem a correr era todo desconchavado? Os joelhos batiam um no outro, os calcanhares apontavam para fora, a corcunda fazia jus à do Notre Dame, a velocidade era irrisória. Foi um dia triste para o míudo que eu era.
lipemarujo
escrito por Filipe a 7:56 da manhã
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