Ou então, é tempo de o dizer, comendo ameixas debaixo da ameixoeira mágica e única, ainda lá está. Cláudia espremia o sumo para a mão, esfregava a cara de Xavier, depois vinha lambê-lo, boca com boca, língua com língua. Parecem duas cobras, dizia ela. Não era um beijo. Ou era mais que um beijo. Era, como dizer?, uma espécie de liturgia ou sagração, Cláudia bebia em Xavier o sumo das ameixas, ele bebia nela o seu próprio sumo, que não era senão o sumo do Verão, esse milagre. Talvez se deva também dizer: por vezes Cláudia fazia coisas estranhas. Alguns dirão – quase obscenas. É mais certo dizer: sagradas.
Manuel Alegre, A terceira Rosa
Manuel Alegre, A terceira Rosa
escrito por Anónimo a 3:55 da tarde
1 Pós e Contas:
Ai o Verão...Eu cá gosto do Inverno, sempre gostei. No Inverno não há desculpas.
Sagrado?Hum...de sagrado só conheço: "Sagrado é este fado que te canto" (Fado Penélope - Camané). Sagrada é a música, arte (a sacra, poe exemplo,LOL)de uma maneira geral...agora as pessoas...O que vale é que isso é ficção e na vida real ninguém endeusa ninguém e todos temos a clarividência de ver com os nossos olhos (passo a redundância), de beber do nosso próprio sumo,potável porque passa pelo crivo da lucidez...não é?
3/8/05 01:25
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