Dicotomias Culturais
If we think that the state should not subsidize artists, we are barbarians who judge the arts useless.
[bold meu]
Frédéric Bastiat, Selected Essays on Political Economy
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Não muito raramente as discussões sobre [o papel do Estado n'] a Cultura resultam em posições antagónicas. De um lado, aqueles que recusam a possibilidade da intervenção do Estado são adjectivados de burgessos e incultos e do outro, aqueles que só concebem a Cultura como acção política do Estado são denominados de usurpadores das liberdades e rendimentos dos seus co-cidadãos. Nesta discussão parece não haver espaço para posições mais ponderadas e intermédias, sem que de ambos os lados não haja a acusação de se pertencer ao lado contrário da barricada.
Penso serem considerações [relativamente] consensuais e pacíficas de que a Cultura [e a Arte, em larga medida] é intrínseca ao indivíduo e que, o usufruto de Cultura [e obviamente de objectos artísticos] por parte desse mesmo indivíduo é algo fundamental para a sustentação da sua identidade individual e social.
A grande cisão desta consensualidade surge quando se discute(m) a(s) forma(s) que possibilita(m) o acesso dos indivíduos às diferentes actividades culturais [e artísticas]. Porque genericamente o mercado [ainda] não dá resposta a tudo, não responde de forma eficaz às necessidades culturais [e artísticas] dos indivíduos. Aqui é importante clarificar que as obrigações [culturais] do Estado são para com os seus cidadão e nunca, de forma alguma, para com os artistas.
Há um mês atrás, o André defendia a existência de "[...] várias áreas que, pela sua natureza e importância, devem estar o mais possível livres da intervenção do Estado. A cultura é uma delas." [bold meu]. A minha divergência [que não é presumível, é uma divergência muito clara, sem ser no entanto, antagónica] resume-se ao facto de eu defender que a Cultura, pela sua natureza e importância, deve estarsempre que possível fora da intervenção do Estado. Embora estas duas afirmações pareçam idênticas, elas resumem ideias bem distintas. Pelo que me é dado a perceber [através das várias opiniões do André sobre o tema], a 1ª afirmação sintetiza uma posição em que qualquer intervenção do Estado será sempre prejudicial [se a minha leitura estiver errada, penso que o André me corrigirá]. A 2ª afirmação define uma opinião que não rejeita alguma intervenção do Estado na Cultura, pois considera(o) que apesar de individualmente existirem alguns prejuízos e limitações [para que o Estado possa agir, terá de captar recursos dos seus cidadãos] socialmente, a acção do Estado poderá resultar em ganhos e benefícios. Estes prejuízos e limitações são os custos de vivermos socialmente organizados.
[aL]
[bold meu]
Frédéric Bastiat, Selected Essays on Political Economy
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Não muito raramente as discussões sobre [o papel do Estado n'] a Cultura resultam em posições antagónicas. De um lado, aqueles que recusam a possibilidade da intervenção do Estado são adjectivados de burgessos e incultos e do outro, aqueles que só concebem a Cultura como acção política do Estado são denominados de usurpadores das liberdades e rendimentos dos seus co-cidadãos. Nesta discussão parece não haver espaço para posições mais ponderadas e intermédias, sem que de ambos os lados não haja a acusação de se pertencer ao lado contrário da barricada.
Penso serem considerações [relativamente] consensuais e pacíficas de que a Cultura [e a Arte, em larga medida] é intrínseca ao indivíduo e que, o usufruto de Cultura [e obviamente de objectos artísticos] por parte desse mesmo indivíduo é algo fundamental para a sustentação da sua identidade individual e social.
A grande cisão desta consensualidade surge quando se discute(m) a(s) forma(s) que possibilita(m) o acesso dos indivíduos às diferentes actividades culturais [e artísticas]. Porque genericamente o mercado [ainda] não dá resposta a tudo, não responde de forma eficaz às necessidades culturais [e artísticas] dos indivíduos. Aqui é importante clarificar que as obrigações [culturais] do Estado são para com os seus cidadão e nunca, de forma alguma, para com os artistas.
Há um mês atrás, o André defendia a existência de "[...] várias áreas que, pela sua natureza e importância, devem estar o mais possível livres da intervenção do Estado. A cultura é uma delas." [bold meu]. A minha divergência [que não é presumível, é uma divergência muito clara, sem ser no entanto, antagónica] resume-se ao facto de eu defender que a Cultura, pela sua natureza e importância, deve estar
[aL]
escrito por aL a 4:24 da tarde
5 Pós e Contas:
Porque genericamente o mercado [ainda] não dá resposta a tudo, não responde de forma eficaz às necessidades culturais [e artísticas] dos indivíduos.
E se partisses de "O mercado nunca dará resposta a tudo, nem nunca responderá e forma eficaz às necessidades dos indivíduos" (é verdade!). Mas, porque é mercado, tenderá a fazê-lo, da forma mais eficiente possível.
Faz o mesmo exercício com "o Estado" e projecta o comportamento esperado.
3/1/07 20:03
«Faz o mesmo exercício com "o Estado" e projecta o comportamento esperado.»
António, eu sei perfeitamente onde me levará esse exercício com o Estado. Estás a cair no erro que eu enuncio no início do post: «Não muito raramente as discussões sobre [o papel do Estado n'] a Cultura, resultam em posições antagónicas.[...]parece não haver espaço para posições mais ponderadas e intermédias, sem que de ambos os lados não haja a acusação de se pertencer ao lado contrário da barricada.»
O meu ponto nesse aspecto é muito claro, eu não acho que tudo deva depender do Estado, muito pelo contrário. O Estado deve apenas estar onde o mercado não chega, agindo de forma supletiva ao mercado.
3/1/07 20:15
São posições antagónicas porque são tendencialmente divergentes: o mercado tende a satisfazer os consumidores (mas não necessariamente decisores e agentes culturais), o processo político-administrativo do Estado tende a fazer o contrário.
E o mercado só não "chegará" às utilizações que nunca serão suficientemente valorizadas pelos indivíduos para serem empreendidas - casos em que por outro lado, caiem por terra argumentos de "interesse comum". Como podes algúem definir "onde o mercado não chega", ou seja, tomar conhecimento de toda a informação presente e futura de milhões de intervenientes?
4/1/07 07:36
António, repara que em momento algum eu faço o "discurso dos agentes culturais" - tenho no entanto legitimidade para o fazer - aliás seu muito crítica em relação à generalidade dos discursos de vários agentes culturais.
não creio que em cidades como lisboa ou porto, o mercado não tenda a satisfazer por si só, a generalidade das necessidades da maioria dos consumidores, quando o Estado começar a retirar-se gradualmente...
4/1/07 09:30
Bom. Fixe-se um prazo incondicional e cumpra-se. Uma legislatura para reduzir o M|C a 0,1% do actual OE [uma brutalidade de dinheiro!] já me satisfazia. Tudo o resto é brincar com a vida das pessoas (entenda-se: a parte da vida empregue a pagar impostos).
4/1/07 13:36
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