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segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Lendo

Dois livros: estou a terminar ainda o livro de viagens do Jean Paul Kauffman sobre as Ilhas Kerguelen, e do qual tenho vários excertos que gostava de postar. Comecei há poucas noites a leitura duma publicação póstuma de Vergílio Ferreira, "Escrever". É desse livro que deixo aqui algumas passagens agora:

" Mas a memória traz com ela a sua dissolução e essa ténue neblina é o melhor de si. E é isso o que mais se lhe condena. Não bem o recordar, mas sobretudo o evocar. Ou para lá disso, o absoluto disso que pode transluzir numa situação de acaso em que nada nos lembra, como ao ver o mar, a montanha, o espaço de um céu nocturno. Não será essa a que preside às artes? Uma emoção sem contornos em que um quadro ou um poema coalhou?"

" A pátria, como tudo, és tu. Se for também a do teu adversário político, é já problem´tico haver pátria que chegue para os dois."

"O imperativo da lei não é por força um imperativo moral. A transgreção do primeiro pode dar arrependimento, sobretudo se o resultado for desastroso. Mas só a do sgundo dará remorso. Porque são coisas diferentes. Violar uma lei de trânsito não é violar uma criança. E é na medida em que tendem a igualar-se, que o dever se iguala a uma obrigação. Se queres saber em que medida em ti se igualam, vê se no fim tens inquietação e não sofrimento. Se tens só inquietação, passa o termo remorso para o dicionário de arcaísmos."

lipemarujo

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