Estes dias estavam dois amigos meus a passear por Serralves. Queriam respirar um pouco de ar puro, fugir a este inferno poluído que é o Porto. Entre um par de abraços, carícias, e algumas intimidades mais que apenas interessam ao mais comum dos voyeurs, observam duas mochilas perdidas no chão. Estupefactos, olham à sua volta na esperança de ver algum ente desesperado em busca de algo. Tal não sucedeu.
O que mais me espantou, e de certo modo me assustou nesta história, foi o pensamento imediato que atingiu a mente deles. A imaginação levou-os para campos já há bastante tempo desconhecidos em Portugal - bombas.
O estado mental dos cidadãos europeus modificou-se nas últimas semanas. Estados de alerta máximos, polícias com ordem para matar, pessoas desconfiadas apenas por verem algo abandonado. Mas será assim tão plausível haver um atentado em Portugal?
Portugal é um país periférico, sem grande importância a nível económico, político ou até mesmo cultural (serão muitos aqueles que discordarão deste último ponto de vista. Mas desafio-os a provarem-me o contrário, sem apresentarem os já gastos exemplos de Saramago ou Mariza. Com isto não afirmo que a nossa cultura seja parca. Mas não são feitos esforços suficientes para a espalhar internacionalmente). Um atentado seria de pouco uso e teria ainda menos visibilidade. Porém a globalização e a sociedade da informação espalham imagens que conseguem colocar em estado de alerta a mente mais estóica.
A partir de hoje haverá um novo colaborador neste blog. O motivo deste convite prende-se com a vontade de tornar este blog mais plural, com uma mais alargada perspectiva das coisas, sejam elas factos da actualidade ou coisa da vida quotidiana. A cima de tudo será uma diversificação de estilo e um olhar sobre as coisas diferente
Na edição desta semana da revista Visão Patrick Monteiro Barros num artigo de opinião esclarece os seus argumentos pró-nuclear. Numa edição anterior da mesma revista, o reverso da medalha: Helena Roseta alertava para os perigos da energia nuclear. Receio bem que esta importante discussão seja desperdiçada... afinal estamos na silly season, no Outono começará a campanha eleitoral, com a boçalidade típica dos caciques locais, no final do ano teremos o confronto dos Titãs... e esta questão será remetida para 2º ou até mesmo para 3º plano
Seria pena que dada a seriedade política dos dois virtuais candidatos às presidenciais, as eleições não fossem uma ocasião sonhada para se confrontarem as opções de fundo, os anseios, as diversas ou convergentes perspectivas de uma sociedade como a nossa Eduardo Lourenço, in Visão 28/07/05
You love the loners. Guys who seem misunderstood and lonely just steal your heart away. You want to reach out your hand to them because you can see how truly wonderful they could be if someone would just take the time to care. Some day your open love will reward you with a hidden jewel beyond measure.
Direita: 1. Cavaco Silva (v.) não é disso. 2. Marcelo Rebelo de Sousa (v.) também não. 3. Marques Mendes também não. 4. Durão Barroso (v.) também não. 5. Santana Lopes (v.) também não. 6. Pacheco Pereira (v.) também não. 7. José Manuel Fernandes (v.) também não. 8. José Sócrates (v.) também não. 9. De Freitas do Amaral (v.) nem é bom falar. 9. Zita Seabra (v.) é, convictamente (o que não surpreende). 10. Paulo Portas (v.) já foi mais.
Direito de Ingerência: Os americanos invocam-no quando invadem mais um país.
Direito Internacional: Muito invocado pelo resto do mundo quando os americanos invadem mais um país.
Divórcio: 1. Primeiro, é preciso casar. 2. Depois, é esperar.
DJ: Nome recente para os apresentadores de programas de Discos Pedidos.
Hoje tentei ir a uma repartição de Finanças. Cheguei mesmo a acordar quase 45 minutos mais cedo que o habitual... A 2/3 do caminho percebo que me tinha esquecido de uns documentos importantes.
Acabei por ir apanhar sol para uma dessas esplanadas ainda vazias de turistas, antes de picar o ponto no escritório
LENDO OS JORNAIS: FINALMENTE SEI O QUE É A SOCIEDADE CIVIL
Segundo o Público, que consultou a dita "sociedade", esta é constituída por: Pedro Abrunhosa, a piloto todo-terreno Elisabete Jacinto, o fadista Camané, a professora Eduarda Dionísio, Eduardo Prado Coelho, Margarida Martins, Presidente da Abraço, Lúcia Sigalho, actriz, Pedro Mexia, publicista, Luís Represas, cantor e compositor, Julião Sarmento, pintor, Sobrinho Simões, médico e professor, Joaquim Gomes, director da Volta.
Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
- Podia-me dizer por favor, qual é o caminho para sair daqui? - Perguntou Alice. - Isso depende muito do lugar para onde queres ir. - disse o Gato. - Não me importa muito onde... - disse Alice. - Nesse caso não importa por onde vais. - Disse o Gato. - ...contanto que eu chegue a algum lugar. - acrescentou Alice como explicação. - É claro que isso acontecerá. - Disse o Gato - desde que andes durante algum tempo.
A morte do jovem brasileiro pela polícia britânica coloca-me uma questão importante. Até que ponto posso aceitar que a “Licença para matar” seja a ordem vigente?
Acredito que se se verificasse que esta morte não tinha sido um erro, mas que de facto a vitima era um bombista, a polémica em torno desta morte passaria muito mais despercebida.
No entanto, como é que a polícia deveria reagir, num caso limite, como parece ter sido ente? Aquele indivíduo movimentava-se de forma suspeita, não obedeceu à ordem policial, provavelmente poderia ser uma situação de vida ou de morte, ou o bombista ou o polícia. Mas há explicações a dar, o número de balas com que a vitima foi atingida é excessivo.
Eu até consigo compreender, dentro de uma razoabilidade muito levada ao limite, que um ser humano em situações limite como aquela, aja de forma impulsiva, lute pela sobrevivência e descarregue as balas da arma; agora, não sei se compreenderei se as autoridades britânicas não apurem responsabilidades e apliquem as respectivas punições. E sublinho responsabilidades , porque a culpa morreu solteira!
Neste fim-de-semana foram vários os artigos de opinião e editoriais que abordaram a questão do terrorismo, balizando aquilo que consideramos terrorismo.
Boaventura Sousa Santos num artigo na Visão, identifica 2 definições de terrorismo. A saber: a definição conservadora e dominante “(...) ‘terroristas’ são terroristas, são inimigos” e qualquer tentativa de compreensão é cumplicidade com estes acto hediondos. A solução apontada por este discurso dito “conservador” é a intervenção militar, e só esta poderá eliminar o terrorismo. A outra definição dita “progressista” defende uma visão contextualizada do terrorismo, sendo este fruto das recorrentes humilhações que o Ocidente tem submetido o mundo islâmico. Apontando como solução o diálogo com elementos moderados, de forma a isolar os extremistas – de ambos os lados. Só com o aprofundamento democrático e o multiculturalismo é que o terrorismo será vencido, defende BSS.
No entanto, apesar desta última definição parecer a mais aceitável do ponto de vista moral, é de execução complicada, as linhas moderadas quer no islão quer no mundo ocidental carecem de poder efectivo, mais ainda, mesmo os islâmicos moderados parecem ter dificuldades em separa o Estado da Religião, enquanto estas populações não adequarem a sua forma de estar, os seus valores morais e religiosos ao mundo moderno e plural, ao mundo globalizado, não me parece possível que haja hipóteses de resolver esta situação.
Daniel Oliveira, no Expresso de 23 de Julho, declara que esta guerra (e aqui considero o termo guerra abusivo) é uma guerra de poderes “quando os poderes se equilibram as guerras são feitas com regras, de forma convencional” mas, aqui DO cai num erro fundamental: não podemos equiparar estes bombistas a soldados, não o são de nunca deveremos declará-los como tal.
Mário Soares comete o mesma falha (que tendo em conta a longa experiência política, só posso considerar como desonestidade intelectual) comparando estes ataques terroristas com situações passadas em períodos de Guerra (não estando aqui em causa o branqueamento de actos desprezíveis como os bombardeamentos de Londres durante a II GM; ou lançamento das bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki; as guerras coloniais...)
Neste caso estes suicidas não combatem pela liberdade, combatem por uma ideologia de destruição.
Em setembro próximo será discutido na Assembleia Geral da ONU um relatório redigido por um Conselho de Sábios (tenho sempre grandes suspensões relativamente aos sábios) , convocado por Kofi Annan, que pretende estabelecer a definição exacta de terrorismo. Estará este restrito à violência contra a vida? Ou inclui a actos de violência contra a propriedade? E neste caso grupos como o Greenpeace ou o Movimento dos sem terra teria de ser ilegalizados? E o terrorismo praticado pelo Estado? Devem ser considerados actos terroristas as medidas de intervenção militar de Israel nos territórios ocupados?
É de facto uma altura importante para o estabelecimento de balizas claras daquilo que é considerado terrorismo.
quero descobrir que sou um livro. Um livro da BIBLIOTECA. Uma personagem que está a ser escrita neste preciso momento. Que existo apenas numa folha de papel e que o meu futuro está na cabeça do ESCRITOR, daquele que me escreve, que me inventa
Boris Johnson num artigo recentemente publicado na revista Spectator chama a atenção para o uso abusivo que se tem feito do termo “Guerra” – no contexto da “guerra ao Terror” ou “Guerra ao Terrorismo”.
Após os atentados de Londres este foi talvez o pensamento mais claro e consciente que li. De facto, o termo guerra implica confronto entre pelo menos 2 entidades beligerantes, o que neste caso, definitivamente, não acontece; mesmo com o argumento de que esta não é uma guerra convencional, a palavra Guerra apenas potencia o medo de um lado e certeza de vitória do outro. Os métodos dos bombistas não se enquadram dentro dos parâmetros/ definições de Guerra, atrevo-me mesmo a dizer que estes ataques encaixam-se de modo mais adequado no conceito de serial killer , pois estes bombistas não são soldados, são assassinos, que cumprem um ritual rigoroso de morte e destruição.
Mas voltando a BJ, estes novos bombistas são Ingleses de identidade , de nascimento, de costumes: beneficiam do sistema de Segurança Social inglês; pagam os seus impostos à coroa britânica; frequentam os clubes de cricket; são jovem anónimos na mantilha de patchwork que é Londres. Não são habitantes de territórios ocupados que vêem as suas casa serem destruídas pelos bulldozers, não são cidadãos de 2ª classe, não foi construído nenhum muro que os separa de resto do território britânico. É, então, importante perceber porque razão estes jovem odeiam tanto o Ocidente - em que vivem – ao ponto de o querem exterminar.
Como salienta BJ, os ataques terroristas não começaram em 11 Setembro, durante a década de 90 foram vários os atentados por parte de suicidas islâmicos, de realçar o atentando ao metro de Paris. Desta forma não poderemos simplificar a justificação dos ataques às intervenções militares no Iraque e no Afeganistão. Citando BJ “the Iraq war did no create the problem of murderous Islamic fundamentalist, (…) the Iraq war did not introduce the poison into our bloodstream but, yes, the war did help to potentiate that poison”.
Continuar a afirmar que estamos em guerra com estas pessoas , será o mesmo que entregar os pontos ao inimigo, entrando numa serie de falsas equivalências. Durante várias décadas a Inglaterra combateu os bombistas do IRA, sem que neste caso fosse aplicado o termo Guerra, pois estes autodenominados “soldados” eram criminosos, assassinos. Assim, torna-se incompreensível apelidar o combate a estes actos vis e cobardes de guerra, glorificando as acções destes maníacos de Yorkshire, sem que percebamos sequer os seus objectivos.
O que realmente querem estes fulanos? Querem realmente a retirada das tropas do Iraque? É assim tão difícil para eles arranjarem uma namorada ao ponto de se querem sacrificar e chegarem ao paraíso onde terão um harém de virgens submissas? Numa guerra, estes bombistas morrerão como mártires, assim o termo guerra deverá desaparecer do nosso vocabulário no que respeita a estes actos hediondos, esvaziando de alguma forma esta vontade de se tornarem mártires.
É evidentemente um erro defender que a invasão do Iraque fez parte de um plano dentro da lógica “guerra ao terror”. É mais que evidente que o Iraque não tinha armas de destruição massissa, o que para todos – ocidentais e islâmicos – se torna claro que os interesses vão para lá da democratização do mundo árabe. “there has been a fatal elision between the ‘ war on terror’ and the campaign to democratise the Arab world, and many Muslims can de forgiven for thinking that this is really a war to democratise the Middle East in the interests of General Motors; evangelic Christianity, Hollywood and global pornography. (…) if we use the vocabulary of war , it gives the maniacs all the more excuse to wage war on us. When Bush said, ‘If you are not with us, you are against us’, and then invaded Iraq on charges that were frankly trumped-up, he co-opted tens of millions of Muslims into the camp of his enemies, even though they might loath Saddam. They had nowhere else to go” continua BJ.
A solução para este problema poderá passar pela moderação dos discursos, quer nas tribunas de poder do ocidente quer nas mesquitas. Não tenho a certeza que alguma vez isto será suficiente mas “Last week’s bombs were placed neither by martyrs nor by soldiers, but by criminals. It was not war, but terrorism, and to say otherwise is a mistake and a surrender".
estou há mais de meia hora a tentar registar na net um cartão do euromilhões... está demasiado calor para sair do escritório... mas o que é que a santa casa tem contra mim? estão sempre a rejeitar-me
num tempo em que ainda chovia, Manuela Fereira Leite era "A" ministra; Santana Lopes sonhava ser presidente de Portugal, a blogosfera já fervilhava... a Coluna Infame tinha fechado portas; no Barnabé dizia-se ; e o Abrupto era o 1º blog que eu conhecia ... ah! e o meu pipi