5 anos depois
Entre 1998 e 2003, mantive uma espécie de diário, chamei-o muito originalmente Diário de Bordo. Sobre o 11 de Setembro de há cinco anos escrevi um texto. No ano a seguir escrevi outro. Em 2003 já não escrevi. Deixo-os aqui. Soam-me estranhos, tanto o conteúdo como a forma. O sentimento esse mantém-se, só que é um sentimento que não consigo canalizar. Na altura consegui-o. Não sei bem explicar, foi-me roubada parte da minha humanidade naquele dia e só assim pude constatar que tinha em mim tal coisa.
11.09.2001
Palavras. Apenas elas neste momento, apenas elas. O mundo está louco. É verdade, todos os dias morrem pessoas, todos os dias morrem crianças. Mas hoje, hoje minhas queridas palavras vocês foram banidas. È mais forte do que eu, tenho de mandar essa gente, essa gente que mata inocentes para a puta que os pariu, mandá-los todos para o caralho.
Eu disse um dia aqui, que algures um inocente pagava aquilo que não devia, pois hoje pagaram milhares, milhões, primeiro os que morreram, depois as famílias e finalmente nós, todos aqueles a quem as palavras foram proibidas perante tal terror pois não havia nenhuma para expressar tais sentimentos. Estou enojado.
Palavras. Apenas elas neste momento, apenas elas. O mundo está louco. É verdade, todos os dias morrem pessoas, todos os dias morrem crianças. Mas hoje, hoje minhas queridas palavras vocês foram banidas. È mais forte do que eu, tenho de mandar essa gente, essa gente que mata inocentes para a puta que os pariu, mandá-los todos para o caralho.
Eu disse um dia aqui, que algures um inocente pagava aquilo que não devia, pois hoje pagaram milhares, milhões, primeiro os que morreram, depois as famílias e finalmente nós, todos aqueles a quem as palavras foram proibidas perante tal terror pois não havia nenhuma para expressar tais sentimentos. Estou enojado.
10.09.2002
Na véspera de fazer um ano que sequestraram as palavras à humanidade. Novamente as televisões despejam aquelas terríveis imagens que mais pareciam de um filme de Hollywood. A verdade é que os medos iniciais de uma mudança drástica na vida do Ocidente revelaram-se infundados, deste lado, da vida fácil e segura dos nossos países ricos, continuamos as nossas vidinhas, presos ao nosso conforto, ao nosso dinheiro, à nossa rotina, ao nosso silêncio e conformismo. Do outro lado, na sombra, no escuro, na pobreza e na miséria também tudo está igual, igualmente pobre e miserável e esquecido e sujo. E o tempo lá passa... as palavras, se pensarmos bem, desde sempre que estão sequestradas, apenas alguns as podem ver e usufruir. Até quando?
lipemarujo
escrito por Filipe a 12:38 da manhã
0 Pós e Contas:
Enviar um comentário
<< Home